sexta-feira, agosto 30, 2002

De acordo com afirmações as mais respeitáveis o vinho é uma bebida dos deuses, que o digam Dionísio e Baco. Na verdade, o vinho é o produto da fermentação alcoólica dos açúcares do suco da uva sã, fresca e madura. O vinho não foi inventado pelo homem, porém descoberto. Pois se for colocado um saco de uva num lugar qualquer e o mesmo sofrer algum tipo de pressão, até a ação do próprio peso, haverá o rompimento das uvas e formação do mosto. A seguir, o mesmo sofrerá a ação de microorganismos chamados leveduras, as quais atuarão no açúcar da uva produzindo álcool e CO2. O CO2 se dissipará e o suco se transformará em vinho.

A origem do vinho remonta a vários séculos antes de Cristo, provavelmente no oriente médio. Os egípcios já utilizavam o vinho nos seus rituais. Porém foram os gregos que o cultivaram e passaram essa cultura para os romanos que plantaram nos seus caminhos de dominação. Culminando com o cultivo na Gália, hoje França. A introdução de tonéis de carvalho pelos gauleses transformou os métodos de vinificação. Enquanto que a introdução das garrafas de vidro no século 17 trouxe novas possibilidades de conservação e transporte da bebida. Foi o cientista Louis Pasteur, no século XIX, quem explicou pela primeira vez como se processava a fermentação dos açúcares da uva sob a ação das leveduras, transformando-os em álcool e gás carbônico e conseqüentemente o suco de uva em vinho.

A espécie de uva utilizada na produção de vinhos finos é denominada de vitis vinifera de origem européia. Existem dois tipos de uvas na fabricação de vinhos. As uvas verdes responsáveis pela produção de vinho branco e uvas tintas ou pretas usadas na produção de vinho tinto. Existe a possibilidade de se fazer vinho branco a partir de uvas tintas e nunca o contrário. Isto depende da retirada precoce das cascas no processo de produção. A retirada das cascas mais cedo é realizada na produção de vinho rosé. O vinho rosé pode, também, ser feito a partir da mistura de vinhos tintos ou brancos fato que é execrado pelos "Entendidos". Embora haja a mistura de vinhos tintos ou brancos para a fabricação de vinhos famosos. No Brasil, foi o vinho rosé, no final da década de 60, que iniciou os brasileiros no universo agradável das degustações de vinhos. O vinho doce é formado a partir da intervenção pelo produtor no processo de fermentação do açúcar da uva. Quando o processo vai até o fim, o vinho é seco.

domingo, agosto 25, 2002

CEPAS DE VINHOS [PARTE 1]

O tipo de cepa é de vital importância na elaboração de um vinho, pois é ela quem dá a personalidade e o caráter ao vinho.

Cabernet Sauvignon:

Esta é a cepa tinta mais nobre e mais adaptável. Tem aromas e sabores de groselha, chocolate negro, menta, azeitonas, fumo e grande quantidade de taninos, que ajuda a seus vinhos a envelhecer maravilhosamente. Os melhores vinhos de Bordeaux em geral contém uma alta porcentagem de Cabernet Sauvignon, misturado com Merlot e Cabernet Franc.

Merlot:
A cepa Merlot, é parecida à Cabernet Sauvignon mas com menos tanino. Produz vinhos carregados de fruta, um pouco mais leves e que maduram mais rápido. É muito utilizada nas misturas de Bordeaux para suavizar os taninos da Cabernet Sauvignon.









Pinot Noir:
É uma das variedades mais suceptíveis e caprichosas. É a responsável pelos grandes vinhos de Borgonha e também se utiliza na mistura para a Champanha. É uma variedade com taninos e acidez relativamente baixos e sabores de framboesas, morangos, cerejas, violetas e rosas entre outros.
















Syrah:
Produz um vinho escuro e herbáceo que madura maravilhosamente, com aromas e sabores de framboesas, groselhas, pimenta, especiarias e couro entre outros.
É produzida na Austrália, na França e nas regiões do Rhone e do Midi, África do Sul e Califórnia, mas é na pequena região de Hermitage onde a cepa se destaca com mais brilho.













Chardonnay:
É uma cepa muito adaptável. Com uma ampla gama de aromas e sabores como: maçãs, pêras, cítricos, melão, abacaxi, pêssegos, cera, mel manteiga, baunilla e nozes entre outros. A Chardonnay é a única responsável pelos vinhos de Chablis e a mais importante na elaboração da Champanha. O envelhecimento em barris de carvalho dá ao Chardonnay aromas e sabores adicionais que ressaltam seu sabor característico. Muitas vezes utiliza-se pedacinhos de carvalho ou essência na elaboração dos vinhos mais correntes.







Sauvignon Blanc: Uma cepa muito adaptável com que se elaboram vinhos em muitas regiões do mundo vinícola. Entre seus aromas e sabores estão: a grama recém cortada, cítricos e aspargos. Brilha em vinhos franceses como o Sancerre e Pouilly Fumé. Na região de Sauternes se mistura com Sémillon para a criação de vinhos doces muito finos.



Riesling:
Esta cepa tem sua origem na Alemanha, disputa o lugar de melhor cepa branca do mundo com a Chardonnay. É adaptável a climas frescos e cálidos e produz vinhos desde muito doces e leves, até muito secos e alcoólicos. Como um bom Chardonnay, o Riesling tem a qualidade de envelhecer muito bem. Esta é uma cepa que em geral não brilha com luz própria, produz melhores vinhos acompanhada pela Sauvignon Blanc e às vezes pela Chardonnay. A exceção é o Hunter Valley, onde se produz um vinho branco seco de longa vida e com bons resultados. Tem aroma e sabores de uva, cítricos, mel e pão torrado entre outros.

sábado, agosto 24, 2002

CEPAS DE VINHOS [FINAL]

Chenin Blanc: Esta cepa está arraigada no vale do Loire, onde goza de popularidade por seus excelentes vinhos novos e com sabor a frutas bem como outros mais maduros e com estilo próprio. A Chenin Blanc não madura com facilidade o que pode produzir vinhos suaves com um sabor pouco satisfatório. Tem aromas e sabores de maçãs, nectarina, marzipan, nozes e mel.




Gewurztraminer: Esta cepa, muito vinculada aos vinhos da Alsácia, teve sua origem no norte da Itália onde é conhecido como Traminer. É de aromas doces e de frutas, com perfume exótico e de espécies. Os melhores vinhos desta cepa são produzidos na Alsácia, onde tendem a ser mais secos e herbáceos. Também é produzido na Alemanha, Califórnia e Nova Zelândia, com características diferentes.

Moscatel:
É uma cepa cultivada no mediterrâneo que produz vinhos com muita uva. Com aromas e sabores de uva, laranjas e passas entre outros. Na Alsácia são produzidos vinhos secos muito interesantes, no Asti, vinhos frisantes e doces e na Espanha o muito doce Moscatel de Valencia.













Nebbiolo:
A uva Nebbiolo arraigada no Piamonte é uma das mais finas cepas tintas da Itália. Produz vinhos escuros, taninos fortes e longa vida. Seus dois vinhos mais famosos são o Barolo e o Barbaresco.














Gamay: Esta é a cepa que produz o Beaujolais, um dos vinhos tintos suaves mais conhecidos e bebidos no mundo. Seus vinhos tem um estilo suave, fresco e com sabor de fruta que atrai a maioria dos consumidores. Os Beaujolais vão desde os mais novos e frescos Beaujolais Noveau, até os mais complexos Fleurie, Moulin a Vent. Morgon, etc. Seus aromas e sabores são de morangos, cerejas, chiclete e pêras no Beaujolais Nouveau.

Cabernet Franc:
Esta cepa é amplamente utilizada em pequena porcentagens nas misturas de Bordeaux com Cabernet Sauvignon e Merlot. A exceção é em St-Emilion nos excelentes caldos de Chateau Cheval Blanc e Chateau Ausone que contêm até 50% de Cabernet Franc. Tem um caráter vegetal de aromas e sabores de pimenta verde, folha de groselha, morango e chocolate entre outros.



Guarnacha: A Guarnacha é utilizada para produzir vinhos tintos e rosados, é uma variedade importante nas regiões do sul da França como: Côtes du Rhone, Chateauneuf-du-Pape e Languedoc-Roussillon. Na Espanha também é muito conhecida, sobretudo nas regiões de Rioja e Penedes. Os californianos produzem vinhos tintos muito suaves e rosados. Em geral dá vinhos bastante alcoólicos, com sabor de fruta e de apimentados, mas são vinhos de longa duração.


sexta-feira, agosto 23, 2002

QUALIDADE DE UVAS E SEUS TIPOS
O vinho nada mais é do que um suco de uvas, portanto a uva é a matéria prima do vinho e responsável pela sua qualidade. Interfere, também, na qualidade do vinho a tecnologia empregada na sua elaboração.
Para se fazer um bom vinho tem-se de ter uvas de qualidade, independentemente da variedade utilizada, isto em função do amadurecimento e do estado sanitário, ou seja, uvas sadias, frescas sem grãos podres. O subgênero Euvitis apresenta três espécies: Americana, Européia e Asiática. A espécie Americana é muito difundida no Brasil, através das variedades Isabel e Concord que são apropriadas para elaboração de sucos de uvas de qualidade.
A espécie Européia -vitis vinifera - é utilizada na elaboração de vinhos finos no Brasil e em todo o mundo. Enquanto que a espécie Asiática tem pouco interesse enológico. As variedades de uvas americanas são mais produtivas e mais resistentes às doenças e às condições climáticas desfavoráveis.As européias exigem maiores cuidados, sem contar que a alta produtividade prejudica a qualidade. Como exemplo as variedades Chardonnay, Pinot Noir e Cabernet Sauvignon produzem entre 8 e 12 toneladas por hectare, enquanto que a Moscato ultrapassa 25 toneladas por hectare.
No século passado, uma doença causada por uma bicho chamado filoxera, quase acabou com a vinicultura em toda a Europa. A solução foi usar enxerto de raízes americanas que não sofriam o ataque da praga. Hoje as videiras de origem européias têm porta enxerto americano e são plantadas em todo o mundo, a exemplo do Brasil. Uvas Comuns - as uvas comuns são das variedades americanas e, mundialmente, não são apreciadas para elaboração de vinhos.
No Brasil, 78% de sua produção são de uvas comuns que são utilizadas para produção de vinhos comuns ou de mesa e suco de uva concentrado muito apreciado internacionalmente por sua intensa cor, aroma e gosto de uva. As uvas comuns mais conhecidas no Brasil são: Isabel, Concord, Seibel, Herbemont e Seyve Willard. As uvas viníferas no Brasil são classificadas em Uvas viníferas especiais e Uvas viníferas nobres. As Uvas viníferas especiais não resultam em vinhos varietais (vinhos que especificam a uva predominante) e são quase todas de origem italiana. As principais são: Barbera, Bonarda , Trebbiano, Moscato e Malvásia. As Uvas viníferas nobres são as variedades viníferas com grande potencial vínico, ou seja, elaboração de vinhos de alta qualidade. As Uvas viníferas nobres são: Riesling Itálico, Semillon, Cabernet Franc,Merlot, Pinot Noir, Gewurztraminer, Cabernet Sauvignon,Chardonnay e, Sauvignon Blanc. Outras Uvas viníferas nobres que nos chegam em vinhos importados e que são consideradas de alta qualidade nos seus países de origem devem, também, serem mencionadas: Gamay, Pinot Meunier, Mourvedre, Grenache, Nebiolo, Corvina, Molinara, Rondinella, Castelão Francês ou Periquita, Touriga Nacional, Tinta Cão, Tinta Roriz, Tempranillo, , Sangiovese, Cortese etc.

quinta-feira, agosto 22, 2002

RÓTULOS - O QUE PROCURAR?
Todas as garrafas de vinho contêm rótulos, os quais nos dão informações de sua origem e qualidade. Porém só uma pessoa habituada e estudiosa do mundo dos vinhos saberá diferenciar um vinho de qualidade de um vinho inferior. Da mesma maneira que o rótulo proporciona indicações verdadeiras, existe a possibilidade dos mesmos conterem meias verdades.

A identificação do vinho é como o passaporte do viajante que apresenta o nome, país de origem, idade, estado civil e fotografia, porém o caráter ou qualidade é impossível de se perceber. Nos rótulos o conhecedor de vinhos será capaz de avaliar a qualidade ou o caráter dos mesmos. O rótulo deve conter o nome da marca do vinho (nome dado pelo produtor), a região de origem, a variedade das uvas (vinhos do novo mundo), o conteúdo líquido (750 ml), a graduação alcoólica, ano de safra, o produtor, vinícola, a indicação de classe (vinho de mesa, fino, sobremesa ou espumante) tipo ( doce, demiseco, seco) e país de origem.

O rótulo pode demonstrar a qualidade superior de um vinho da mesma maneira que pode querer encobrir sua debilidade ou passar meias verdades. Como exemplo temos vinhos do novo mundo com nomes de regiões consagradas da França como Chablis, Borgonha, Chateau e Champanhe. Da mesma forma que um vinho, por ser da França, não atesta sua qualidade de vinho superior, como: os Vin de table e Vin de Pays, que são vinhos elaborados sem o esmero dos vinhos AOC (Appellation d' Origine Contrôllée ) franceses. Logo, é melhor degustar um vinho nacional ou chileno do que um vinho francês de mesa.

Para se conhecer os rótulos é bom, ao nosso ver, ter uma noção da legislação européia e em particular da França.

Na França os vinhos superiores recebem um certificado QWPSR ( Quality Wine Produced in a Specific Region) ou VQPRD (vinho de qualidade produzida em região denominada). São os vinhos ditos superiores que trazem no rótulo a frase AC ou AOC(Apellation d"Origine Contrôllée). A medida que a região fica mais localizada, exemplo: Bordeau, Medoc, Pauillac; o vinho será mais reconhecido e, portanto, mais caro. Bordeau (distrito), Médoc (subdistrito), Pauillac (município vinícola). Em status ligeiramente inferior temos os AO DVQS (Apellation de Origine - Vinho Delimitado de Qualidade Superior). Os vinhos inferiores franceses são os Vin de Table sem indicação de região ou Vin de Pays.

É preciso esclarecer que nos EUA a categoria Vinho de Mesa é para todos os vinhos não espumantes com graduação alcoólica até 14%, bem diferente da Europa. A safra significa o ano em que as uvas para um determinado vinho foram colhidas. O ano da safra determina uma indicação de qualidade e a União Européia nega aos vinhos de mesa o privilégio de colocar o ano de safra nos seus rótulos. Apesar de que os vinhos de safra variam no estilo e na qualidade de uma safra para outra. As safras que não sofreram intempéries(geadas, granizo, secas prolongadas) e as estações foram regulares sem problemas climáticos são bem mais valorizadas do que os anos prejudicados por modificações climáticas.

Na Itália os vinhos superiores tem no rótulo a frase DOC (Denominazione de Origine Controllata) e DOCG - (Denominazione de Origine Controllata e Garantita). Somente 5 vinhos italianos recebem este certificado: Barolo, Barbaresco, Chianti, Brunello de Montalcino e Vino Nóbile de Montalcino. Os inferiores trazem o nome Vino de Tavola.

Na Espanha os vinhos superiores têm a frase: DO (Denominación de Origin) e DOCa( Denominaçión de Origen Calificada). Usa-se, ainda os termos Crianza, Reserva e Gran Reserva para anunciar um envelhecimento extra em barris de carvalho e na própria garrafa. Os inferiores são Vino dela tierra e Vino de mesa.

Em Portugal usa-se a frase DOC (Denominação de Origem Controlada) e IPR (Indicação de Proveniência Regulamentada). Os vinhos inferiores são Vinhos de Mesa Regional.

Na Alemanha os rótulos apresentam a frase: QmP (Qualitatswein mit Pradikat- Vinhos de qualidade com atributos especiais) e QbA (Qualitatswein bestmmter Anbaugebiete - Vinho de qualidade de uma região específica). Os vinhos inferiores são denominados Landwein.

No Brasil e Merco Sul tem-se a frase Vinho Fino para expressar vinhos de qualidade. Os vinhos de mesa no Brasil são elaborados a partir de espécies de uvas americanas ou uvas de mesa, cujo cultivo é proibido na Argentina. Não esquecer que os vinhos de qualidade no mundo inteiro provêm da sub espécie Vitis vinífera (variedade européia). Vinhos varietais são os vinhos que trazem no rótulo, em realce, o nome da variedade de uva utilizado na sua elaboração.

Nos Estados Unidos exigem-se que o vinho contenha pelo menos 75 % da uva mencionada. Isto, há 25 anos. Os vinhos varietais são por definição melhores, mais autênticos e mais interessantes do que os vinhos genéricos. Vinhos varietais predominam nos Estados Unidos, Austrália, África do Sul, Chile e Mercosul. Na Europa o nome da região está ligado ao terroir (combinação de fatores naturais, tais como: solo, rocha, clima, inclinação de colina e altitude da vinha). Sabendo-se a região do vinho, sabe-se as uvas usadas para a sua fabricação (prescritas por lei).

Por fim os rótulos têm uma frase (obrigatória nos Estados Unidos) que diz: contém sulfito. O sulfito (anidrido sulforoso) é um antibacteriano que é adicionado pelo produtor para evitar que o vinho se estrague. É um antioxidante. Os vinhos tintos secos são os que contêm menos sulfito.

segunda-feira, agosto 19, 2002

HORÓSCOPO DO VINHO
Como escolher vinhos para amigas, amigos e para aqueles mais que amigos considerando os signos do zodíaco. Pelo perfil astrológico de cada um deles você saberá escolher o presente perfeito (vinho, melhor falando).
Capricórnio (22 de dezembro a 20 de janeiro) - O povo de capricórnio tem grande respeito pelo tempo e, ao mesmo tempo, são grandes investidores. Por isso, tem particular gosto pelos vinhos mais maduros, envelhecidos, que podem ficar anos esperando nas adegas. Compram hoje para obter lucros em alguns anos ou vão beber vinhos com buquês maravilhosos. Logo, os presentes ideais são um vinho do Porto 10, 20, 30 anos envelhecido, ou um champagne de safra ou um bom vinho reserva. E até mesmo um vac-au-vin (esses preservadores de vinho compostos por rolhas de borracha e uma bombinha para retirada do ar da garrafa).
Aquário (21 de janeiro a 18 de fevereiro) - É o signo do progresso e da tecnologia, do pessoal que gosta de coisas fora do comum. Claro que para eles você vai escolher vinhos com garrafas estranhas, de design diferenciado (os italianos são mestres nesse setor) ou novidades (ninguém tem, só o seu aquariano!), ou com sabores mais exóticos: os tintos da Sardenha, brancos da Alsácia, Pinot Noir da Hungria, blends da Califórnia, brancos da Inglaterra, tintos da Grécia ou do México – por aí. Pode também escolher um super saca-rolha, daqueles bem avançados (ou complicados), cujo manual de funcionamento tem 150 páginas apenas.
Peixes (19 de fevereiro a 20 de março) - Eles se amarram em mágica e romance. Logo, um bom champagne – mas não apenas o espumante. Acrescente algumas velas (as de artesanato, com cores e formas diferenciadas) e um CD do Chet Baker. O clã de peixes gosta também de vinhos mais fortes, mais encorpados. Escolha cuidadosamente entre Amarones (Itália), Zinfandel (Califórnia), Syrah (Ródano, França) ou um Porto bem amadurecido.
Aries (de 21 de março a 19 de abril) - Gostam de presentes que possam desfrutar ou consumir imediatamente. Logo, desista de Portos ou vinhos que precisem amadurecer por longo tempo. Selecione tintos jovens, de Bordeaux ou do Chile, ou Chardonnays (que não tenham amadurecido em barril de carvalho); ou os Sauvignon Blanc do Vale do Loire (os famosos Sancerre). Champagne regular (não safrada) também funciona, claro. Assim como um novo jogo de taças de cristal. Eles vão adorar!
Touro (de 20 de abril a 20 de maio) - É um povo muito especial: gostam de conforto e prazer sensual. Vinhos simples, descomplicados, como os italianos, chilenos e argentinos serão de grande apelo. Gostam também de comer bem. Logo, uma boa idéia é preparar uma cesta com esses vinhos simples, mas saborosos, e uma seleção de queijos. Os taurinos têm um lado meio "mão-fechada". No caso de vinhos, isso quer dizer que possuem alguns grandes vinhos que guardam fechados a sete chaves e não oferecem de modo algum. Logo, procure saber o rótulo de algum desses vinhos "escondidos" e presenteie com uma garrafa. Vão adorar: pois vão manter seu tesouro intocado.
Gêmeos (21 de maio a 21 de junho) - O que quer que você compre, compre em dobro: um para cada lado da famosa personalidade dividida da turma de gêmeos. Exemplo: compre alguns vinhos, MAIS um livro sobre Bordeaux etc. Sempre alguma coisa acompanhando a outra de modo natural. Como também gostam muito de aprender, os livros me parecem sempre uma boa idéia. Nessa linha, fazer uma assinatura de alguma revista especializada será ótimo presente: a brasileira Vinho, a inglesa Decanter ou as norte-americana Wine Spectator e Wine X Magazine (considerada a melhor revista de vinhos, em 2001, e de onde tomei referências para fazer essa coluna) são boa opções. Outra idéia é presenteá-lo com um curso de vinhos (pode ser um completo na ABS ou aqueles mais rápidos promovidos por lojas especializadas ou restaurantes).
Câncer (22 de junho a 22 de julho) - É a turma que gosta de casa ou, pelo menos, de dirigir uma casa. São os donos desse pedaço. Então é fácil: os presentes vão de abridores, racks, taças, decantadores. Serão melhores se bem antigos (ou parecerem antigos). Nessa linha, uma garrafa de um malte escocês bem envelhecido ou um Porto Vintage são igualmente boas idéias.
Leão (23 de julho a 22 de agosto) - Adoram receber presentes (e quem não gosta?), seja uma garrafa magnum de champagne, seja um simples tinto chileno. Não importa o preço ou a quantidade. Uma boa é levar o seu querido leonino para jantar num lugar já testado por você. Não precisa ser da moda ou muito caro. Um canto aconchegante com uma comidinha bem feita e uma carta de vinhos decente. Tá feita a festa! Seu amigo de Leão jamais vai esquecer dessa noite.
Virgem (23 de agosto a 22 de setembro) - Eta povo difícil para presentear! Gostam ao mesmo tempo de coisas realmente úteis, mas que tenham forte apelo visual. Tente um rack de vinhos que tenha um design mais escultural. Ou algumas das enciclopédias de vinho (pode ser a Oxford da Jancis Robinson ou o novo Wine Atlas, da mesma autora). A lembrança das enciclopédias vem a calhar, pois o pessoal de Virgem gosta muito de estudar. Assim, oferecer um curso de culinária ou de enologia também é boa idéia.
Libra (23 de setembro a 23 de outubro) - É o signo que rege a beleza. Não importa o presente, cuide muito bem da sua embalagem. Bons presentes para eles seriam jarras para gelar champagne, decantadores e taças de cristal. Ou livros ricamente ilustrados. Vinhos ricos em aromas e frutas – são outras das opções.
Escorpião (24 de outubro a 21 de novembro) - Procure pelos itens mais chegados ao esotérico, ao escondido. Decantadores antigos, taças típicas da Alsácia ou para Porto. São por tradição o povo que regula o comércio de vinho. Logo, tente achar livros sobre a construção ou administração de adegas. Gostam também de coisas mais raras, difíceis de encontrar. Exemplo: vinho argelino. Seria uma grande pedida.
Sagitário (22 de novembro a 21 de dezembro) - É o signo da viagem. Se você não puder presenteá-lo com um passeio pelo sul da França (e quem pode?), tente livros sobre as regiões vinícolas francesas (ou qualquer outra). Ou compre um curso de vinho – daqueles rápidos, especializados. Exemplo: os vinhos do norte e do sul do Ródano.

domingo, agosto 18, 2002

Como escolher um bom vinho
Em almoços de negócios ou jantares mais refinados, servir um bom vinho é essencial para quem deseja causar uma boa impressão.
Os vinhos são muito sensíveis e grandes connaisseurs sabem que nem todos os tintos podem ser servidos na temperatura ambiente (entre 16 e 18 graus), como é a regra geral. Alguns italianos trazem até no rótulo a recomendação. Um Beaujolais jovem é degustado quase gelado, a 12 graus, enquanto os tintos mais encorpados, feitos para envelhecer na garrafa, agradam à temperatura ambiente ou chambrer (termo francês que significa à temperatura do quarto). Os tintos mais jovens, para consumir logo, são valorizados pelas temperaturas mais baixas.
Os brancos secos devem estar gelados, 10 a 12 graus. Os mais ligeiros podem estar mais gelados, de 6 a 8 graus. Abaixo de 6 graus é difícil sentir o buquê e os vinhos menos confiáveis ou doces (a baixa temperatura ameniza o açúcar) podem estar bem gelados. Em caso de dúvida, é recomendável deixá-lo mais gelado, pois, no cálice, ele adquire a temperatura ideal.
A quantidade no cálice também revela o savoir faire de quem está servindo. O vinho tinto deve preencher apenas de um terço a meio copo, deixando espaço para o aroma se expandir. Numa refeição, os vinhos mais leves precedem os mais encorpados (os brancos antes dos tintos), os de qualidade inferior precedem os superiores. Mas o champanhe brût pode ser o único acompanhando um cardápio. Numa seqüência de vinhos, o champanhe aparece à hora da sobremesa. Em tese, não se oferecem vinhos rosés numa mesa de connaisseurs, porém diante de um Rosé D'Anjou ou um Matheus Rosé faz-se exceção.
Saladas e alimentos com vinagre não casam com vinho. Tampouco pratos muito temperados com curry e outras especiarias mais fortes. A regra geral é que os vinhos brancos acompanhem carnes brancas e frutos do mar; os tintos, as carnes vermelhas e massas.
No entanto, esta regra já deixou de ser um dogma e, na prática, a escolha já está menos rígida. Numa noite muito quente, pode-se preferir um vinho branco gelado com um prato de carne. Importante é que se tome o mesmo vinho com o qual uma comida foi preparada. Seria como uma mulher misturar dois perfumes.
É o anfitrião que prova o vinho a ser servido, em casa ou no restaurante. Não havendo garçom, ele próprio serve, no máximo, um dedo de vinho no seu cálice. Não servir de uma só vez, mas aos poucos, e a degustação deve ser feita na ponta e nas laterais da língua, mais sensíveis à acidez e ao açúcar. Só então ele aprova, pede mais gelado ou pode reclamar da presença de pó da rolha. Uma mulher sozinha, que tem seus convidados à mesa, fará a degustação.
Recomenda-se guardar os vinhos numa adega ou armário, em local escuro, seco e fresco, com as garrafas deitadas e o gargalo ligeiramente mais elevado para impedir que o líquido toque na rolha.
Ao comprar vinhos estrangeiros, não se deve optar por um "vin de table" francês ou um "tatelwein" alemão, vinhos de mesa que, em seus países de origem, são considerados de carregação. O mesmo não vale para um "vino de tavola", pois há vinhos italianos excelentes com esta denominação.
É comum dizer "chin-chin"- palavra chinesa que significa felicidade - ao bater os cálices de vinho e as taças de champanhe para fazer os brindes.
Bastante conhecida é a expressão vin d'honneur para reuniões comemorativas, quando é servido vinho e apenas salgadinhos.
O vinho do Porto desfruta das mesmas regalias do champanhe e, assim como o vin d'honneur, saboreia-se após a sobremesa. Há uma tradição segundo a qual a garrafa do Porto não pode ser oferecida da direita para a esquerda e os ingleses, os maiores consumidores deste vinho português, são fiéis à regra: port never goes to right!

sábado, agosto 17, 2002

::: Vinho Branco :::
Beber vinho branco moderadamente pode fazer bem aos pulmões. É o que sugere um estudo apresentado ontem no encontro da Sociedade Torácica Americana pelo pesquisador Holger Shunemann, da Universidade de Buffalo (Nova York). Segundo o cientista, o consumo da bebida está associado ao melhor funcionamento do órgão.
O estudo não apontou nenhuma relação entre as funções pulmonares e a quantidade de álcool consumida (estudos anteriores encontraram um efeito negativo), nem entre o bom funcionamento pulmonar e o consumo de outras bebidas alcoólicas, como cerveja e licor.
— A descoberta pode indicar que os nutrientes do vinho são responsáveis pelo efeito positivo da bebida sobre as funções pulmonares — afirmou Shunemann. — Já se mostrou que vinho tinto consumido com moderação seria bom para o coração, mas, para o pulmão, os efeitos do vinho branco são mais significativos.
O estudo foi feito com 1.555 pessoas nos EUA. Os pesquisadores fizeram um levantamento sobre os hábitos de consumo de álcool e também de estilo de vida. Aqueles que disseram beber apenas vinho branco foram os que apresentaram os maiores percentuais de substâncias antioxidantes no sangue. Para os pesquisadores, essa característica está relacionada aos pulmões.

Por que o vinho branco deve ser servido bem frio e qual a temperatura certa para servir um vinho tinto
A temperatura de um vinho no momento em que ele será servido é de extrema importância, porque é ela que permitirá a bebida mostrar as suas combinações aromáticas e seu sabor. Como cada vinho tem as suas peculiaridades, há sempre uma temperatura mais adequada, que ajuda a ressaltar as suas qualidades e, eventualmente, a esconder os seus defeitos. Temperaturas mais baixas ressaltam o frescor e o sabor frutado dos vinhos brancos leves, que revelam melhor essas características quando servidos por volta de 10ºC.
Uma temperatura ainda mais baixa, por volta dos 8ºC, ajuda a conservar melhor o gás dos vinhos espumantes. E vinhos brancos mais encorpados, charmodonnays em particular, se exprimem melhor quando servidos entre 12 e 13ºC.
Vinhos tintos se caracterizam pela presença de tanino, substância que provoca sensação de rugosidade na língua. Essa aspereza fica mais evidente quando mais baixa for a temperatura. Assim, vinhos tintos com mais tanino ficam menos agressivos em tornos dos 20ºC. Tintos leves mostram mais o seu valor frutado por perto dos 16ºC.
Não é recomendável servir vinho algum acima de 20ºC, temperatura em que o álcool começa a evaporar. Isto quer dizer que servir vinho tinto à temperatura ambiente deve ser entendido como "temperatura ambiente climatizada".
Deve-se sempre abrir a garrafa com antecedência para deixar o vinho "respirar"?
A partir do momento em que é engarrafado, o vinho permanece em um ambiente fechado e desprovido de oxigênio, o que é necessário para a sua conservação. Mas, no momento de ser servido, ele precisa de oxigênio para revelar seus aromas mais finos.
A maior parte dos enófilos concorda que só tirar a rolha e deixar o vinho na sua garrafa original pode ser insuficiente para oxigenar todo o líquido, uma vez que a superfície em contato com o ar é muito pequena. Por isso, recomenda-se transferir o vinho para um decanter ou uma jarra para que, durante essa passagem, todo o líquido entre em contato com o ar.
Vinhos mais robustos, como os bons bordeaux, barolos ou brunelos, entre outros, precisam de mais oxigênio para se exprimir e ganham ser forem transferidos certo tempo antes de serem servidos. Vinhos mais leves, como os beaujolais e dolcettos, podem ser servidos logo em seguida.
Vinhos mais leves, perto do seu apogeu, não suportam uma longa exposição ao ar e não devem aguardar para serem consumidos. Eles precisam ser decantados, para separar o líquido do depósito que se forma no fundo da garrafa, e servidos logo em seguida.
Detalhe: não há nenhuma contra-indicação em se aerar brancos. Os brancos leves, feitos para serem consumidos jovens, como fescati e vinho verde, não ganham nada com a aeração, mas o brancos mais encorpados, como os bons chardonnays, em geral se exprimem melhor depois de oxigenados.


quinta-feira, agosto 15, 2002

Para ser especialista em vinho você não precisa enxugar dezenas de garrafas na mesma noite. Mesmo porque você vai cair duro e não vai saber a diferença entre vinho e um copo de groselha... Degustar vinho é bem mais simples! Basta seguir três passos...
Aparência - Não adianta querer provar vinho num copo de papel! Sirva-o vinho num copo transparente e examine a cor sobre um fundo branco. Vinho branco na verdade varia de verde a amarelo, chegando até o marrom. Cor mais forte num vinho branco geralmente indica mais sabor e envelhecimento. Mas um vinho marrom está estragado. Envelhecimento melhora vinhos tintos, mas geralmente acaba com os brancos. Os tintos variam de vermelho claro a escuro, geralmente se tornando mais claros com o tempo. Uma dica para sacar o ‘corpo’ do vinho é dar uma mexida no copo. Quanto mais marcas o vinho deixar nas bordas do copo, mais ‘corpo’, álcool e/ou açúcar ele contém.
Bouquet - Use o nariz! E isto não significa mergulhar no vinho (o que na verdade só vai provar que você está bêbado e deve parar antes que a coisa piore...). A mexidinha no copo também libera o aroma do vinho, ou ‘bouquet’. Cheire antes de provar o vinho, se concentrando apenas no aroma. No princípio é difícil, mas com a prática você consegue ver as diferenças. Uma boa idéia é tomar notas sobre suas impressões. Tudo vem com o tempo...
Sabor - Tão importante quanto você poder se equilibrar enquanto bebe é o equilíbrio entre a acidez e o açúcar do vinho. Tome primeiro um gole. Depois deixe um pouco de ar entrar na sua boca para sentir mais o sabor (cuidado para não cuspir nos seus convidados). Finalmente analise o sabor que permanece após beber.
Tenha paciência. O mais importante é perceber as características de cada vinho para poder comparar. Assim você vai se tornar um expert em pouco tempo! Sem tomar nenhum porre.

quarta-feira, agosto 14, 2002

Dicas para Preparar sua Adega Caseira
A conservação do vinho é um dos cuidados mais importantes que os amantes deste magnífico produto devem observar.
A adega deve ser o local para conservar vinho. Não permita que guardem outros produtos, especialmente de odores fortes como queijos, salames, etc.
O vinho têm dois inimigos: a luz natural e as temperaturas altas e variáveis.
Quando exposto à luz natural o vinho sofre a oxidação de seus componentes da cor e aroma, alterando seu aspecto visual para as cores amarelas intensas nos brancos e laranja/tijolo para os tintos. Os aromas passam de frescos, frutados e agradáveis para fortes, de frutas mais maduras e menos frescos.
As temperaturas muito variáveis são mais prejudiciais que as temperaturas relativamente constantes e altas (nunca acima dos 20º C).
Provocam no vinho um envelhecimento precoce, e a adega deve ser um local para conservar o vinho e não para envelhecê-lo. Naturalmente que ao longo dos meses e anos o vinho bem conservado sofre um envelhecimento. Porém correto, lento e gradual.
As temperaturas ideais são as compreendidas entre 12-16º C.
Temperaturas muito baixas (8-12º C) podem ocasionar gostos metálicos especialmente nos vinhos tintos.
Temperaturas muito altas (20-24º C) envelhecem rapidamente os vinhos.
A posição de conservação da garrafa deve ser horizontal por uma simples razão: a rolha tem a textura de uma esponja e quando seca aumenta sua porosidade permitindo a entrada do ar. E todos sabemos o que resulta de álcool mais oxigênio: vinagre.
Por esta razão a garrafa deve permanecer na posição horizontal para manter a rolha umedecida. Se não tiver prateleiras suficientes coloque a garrafa na posição vertical invertida.
Resumo das condições ideais:
1- Garrafas na posição horizontal ou vertical invertida
2- Temperaturas constantes e baixas (ideal entre 12 e 16º C)
3- Umidade compreendida entre 65-75%
4- Sem luz natural, sem janelas.
5- Arejada para evitar acúmulo de odores fortes.
Se as condições de sua moradia não permitem obter as condições de umidade e temperatura recomendadas você terá de condicionar o local ou adquirir as adegas climatizadas especiais.
Qualquer esforço no sentido de oferecer as melhores condições a seus vinhos retornará na forma de "prazer em goles".

terça-feira, agosto 13, 2002

QUE SABOR TEM O VINHO CHILENO?
Os vinhos chilenos de exportação são quase sempre secos. Não existem padrões de qualidade claramente definidos, ainda que a origem e sua indicação nas etiquetas seja padronizado. O que se implantou foram os distintos níveis de qualidade nas bodegas destinadas à exportação.
Não se pode reconhecer os vinhos chilenos de olhos fechados pelo sabor. Somente se pode afirmar com certa segurança a procedência do vinho chileno no caso do Cabernet-Sauvignon. Esta classe é a única que hoje em dia produz vinhos com um aroma característico do Chile, pois somente estas antigas e "maduras" plantações conseguem destacar o caráter de seu sólo e seu clima. A maioria dos Cabernets finos do Chile tem um aroma fresco e saboroso pouco comum, que muitas vezes é identificado como "notas de eucalipto".
O Sauvignon Blanc, quando proveniente de vinhedos de clima não demasiado quente, pode desenvolver no Chile um bouquet exótico, que somente se conhece dos Sauvignons muito exitosos. Todavia, não é uma característica comum, já que existem muito poucos Sauvignons desta classe no Chile.
Para poder elaborar vinhos que tenham caráter, necessita-se mais de dez anos. Chile possui todo o potencial para dispôr - durante os próximos vinte anos - das melhores plantções e dos melhores climas, ademais de uma adequada tecnologia para o processo de viniicação. Hoje em dia já existem os primeiros indícios. Cada ano, entre 1990 e 1996, se pode constatar - através de muitos detalhes - que a qualidade dos vinhos chilenos estava cada vez mais alta.

segunda-feira, agosto 12, 2002

OS TAMANHOS DE SUA SEDE
Com o mercado de vinhos cada vez maior, é natural que o comércio se equipe com uma maior oferta de rótulos como também de embalagens. Hoje, já temos restaurantes oferecendo "meias garrafas", as de 375 ml, para quem está bebendo um tipo de vinho enquanto seu parceiro bebe outro, ou para aqueles que estão bebendo sozinhos. Em muitos países já existem embalagens de papelão, as tetrapack, exatamente como as de leite e sucos. Temos a meia garrafa, a garrafa de uma dose, a de 1 litro e meio e até a de 20 litros. Vamos conhecê-las um pouco mais.
De sacos de pele de carneiro, a jarros de barro ou cerâmica (as ânforas da antiguidade), barris de madeira, até às nossas conhecidas garrafas de vidro, as embalagens de vinho vêm evoluindo por pelo menos mil anos. O crédito pela invenção do vidro "soprado", que resultou em pratos, vasos e, finalmente, em garrafas, é dos romanos. Mas o vidro permaneceu como um luxo por muitos séculos.
Em 1821, uma empresa inglesa patenteou uma máquina para moldar garrafas, conseguindo uniformizar seu formato e tamanho. As garrafas de 1600 até 1821 tinham formatos muito próximos de um globo, de uma cebola, muito difíceis de guardar, a não ser na horizontal. As formas variavam de fabricante para fabricante. Suas cores também, do verde oliva ao castanho escuro.
Veja na ilustração a evolução das garrafas, de 1600 até 1820. O desenho número 11 mostra a primeira tentativa em direção à nossa moderna garrafa de vinho. O de número 13 é uma garrafa feita de três partes soldadas A partir desse momento, tivemos as garrafas de apenas duas partes soldadas, onde só a parte do gargalo era aplicada. A garrafa inteira, moldada, começou a ser feita em 1821.

Formatos
Os formatos da ilustração representam os vários formatos pelos quais as garrafas de vinho passaram a partir de 1600.

Desenho 1: cerca de 1630-1660 - uma haste e um globo;
Desenho 2: de 1660-1670;
Desenho 3: 1670-1680 (formato de "cebola");
Desenho 4: 1640-1700 ("cebola");
Desenho 5: 1700-1715 ("cebola");
Desenho 6: 1715-1720 ("cebola");
Desenho 7: 1720-1730;
Desenho 8: 1730-1750;
Desenho 9: 1750-1760;
Desenho 10: 1760-1780;
Desenho 11: 1780-1800;
Desenho 12: 1800-1820;
Desenho 13: 1820.

Mas na Inglaterra de 1821 vender vinho já engarrafado era ilegal. Isso mesmo, ilegal, pelo menos até 1860. É que os donos dos pubs (aquelas tavernas tipicamente inglesas) tinham influência política e queriam manter o negócio de venda de bebidas sob seu controle. Além disso, não havia ainda um padrão de rotulagem e meios de autenticar-se o conteúdo das garrafas.
O vinho era vendido por medida (um, dois, três, cinco copos etc.) e só engarrafado depois da venda, com o cliente tendo de providenciar as garrafas - freqüentemente identificadas por um selo pessoal. Os rótulos identificando o conteúdo da garrafa eram feitos à mão até meados de 1800. Só a partir de 1860 é que começaram a ser impressos. Mas as garrafas vieram mesmo para ficar.
Apesar de relativamente frágil e pesado, o vidro oferece vantagens flagrantes para guardar o vinho. Ele é quimicamente inerte, prevenindo contaminações, é impermeável ao oxigênio, impedindo que o vinho se estrague.

Tamanhos e designações
Abaixo, temos os tamanhos atuais das garrafas de vinho e algumas de suas designações mais conhecidas.

Capacidade: 187 ml
Tamanho: Um quarto de garrafa
Dá para: 1 taça
Designação: "Split" é o nome em inglês ("meia dose"). Não conhecemos equivalente em português: "garrafinha", garrafa de dose?
Capacidade: 375 ml
Tamanho: Meia garrafa
Dá para: 2 taças
Designação: "Tenth"
Capacidade: 500 ml
Tamanho: Dois terços de garrafa
Dá para: 3 taças
Designação: Meio litro
Capacidade: 750 mil
Tamanho: Garrafa padrão
Dá para: 4 a 6 taças
Designação: "Fifth"
Capacidade: 1,50 litro
Tamanho: Duas garrafas
Dá para: 8 a 10 taças
Designação: Magnum
Capacidade: 3 litros
Tamanho: Quatro garrafas
Dá para: 17 a 19 taças
Designação: Magnum dupla. Ou Jeroboão (que se referir apenas a vinho espumante).
Capacidade: 4.5 litros/5 litros
Tamanho: Seis a seis e 2/3 de garrafas
Dá para: 25 a 28 taças
Designação: Jeroboão (no formato de Bordeaux - seis garrafas) e Jeroboão, no formato de Borgonha - seis e 2/3 (de garrafa).
Capacidade: 6 litros
Tamanho: 8 garrafas
Dá para: 34 taças
Designação: Imperial Magnum (formato de Bordeaux) e Matusalém (espumantes de formato de Borgonha).
Capacidade: 9 litros
Tamanho: 12 garrafas (uma caixa)
Dá para: 50 taças ou mais
Designação: Salmazanar
Capacidade: 12 litros
Tamanho: 16 garrafas
Dá para: 67 taças ou mais
Designação: Balthazar
Capacidade: 16 litros
Tamanho: 20 garrafas
Dá para: 112 taças
Designação: Nabucodonosor (só para espumantes).
Capacidade: 12 a 16 litros
Tamanho: De 16 a 20 garrafas
Dá para: 90 a 112 taças
Designação: Nabucodonosor (vinhos parados).

O escritor F. Scott Fitzgerald ("O Grande Gatsby", "Ricos e Malditos", "Suave é a Noite" entre outras obras importantes) dizia que, acima dos 16 litros ainda havia mais um tamanho, que chamava de "catastrophe". Pode parecer brincadeira, mas o talentoso americano tinha fígado para isso.
Até 1970, as garrafas variavam de cerca de 650 a 850 ml, com cada região adotando o seu próprio padrão. Nessa época, a União Européia estabeleceu padrões para o continente que foram adotados em todo o mundo. O tamanho padrão da garrafa de vinho é hoje de 750 ml, como sabemos. Dentro desse tamanho temos os formatos clássicos:
Bordeaux - Sua garrafa tem as laterais retas, com "ombros" (onde a garrafa começa a curvar, perto do seu "pescoço") altos e íngremes. Esse formato de "ombro" permite que sedimentos sejam mais bem contidos na garrafa, quando se serve o vinho. É um formato imitadíssimo em todo o mundo.
Borgonha - Seus "ombros" mais baixos e suaves. Esse formato também é usado no Rhône e em vários países do Novo Mundo para vinhos com a Chardonnay, Pinot Noir e varietais do Rhône.
Alsácia e Mosela - São as garrafas delgadas e altas, com "ombros" muito suaves, tipicamente em vidro verde e, ocasionalmente, castanho. São as garrafas dos Riesling, Gewüztraminer e Pinot Gris.
Champagne - Seu formato nasceu mais de uma necessidade. Um vidro muito grosso, "ombros" com curvas macias e um longo pescoço. O seu fundo é bem côncavo. Tudo isso para resistir a alta pressão exercida pelo dióxido de carbono que se desenvolve dentro dela.
Vinhos fortificados - Mais utilizadas nos vinhos do Porto, Madeira e Jerez (Sherry). São garrafas robustas.
Bom, agora você não vai fazer feio na hora de pedir um ou outro tamanho de garrafa. Ou se embaraçar sobre que tipo de garrafa diante de você (Borgonha, Bordeaux?).

Terminologia da degustação/P - Z
PALHA - tonalidade do amarelo própria dos vinhos brancos, pode ser clara ou carregada.
PASTOSO - diz-se de um vinho espesso, gordo e muito doce, que na boca dá a sensação de uma untuosidade enjoativa.
PELE DE CEBOLA - nuance de cor dos vinhos rosados.
PERSISTÊNCIA - conjunto de sensações olfato/gustativas percebidas após a deglutição do vinho, que podem ser medidas em segundos.
PRONTO - vinho que está apto a ser consumido.
PUNGENTE - sensação percebida na boca, causada pela elevada concentração de anidrido carbônico, pela causticidade provocada pelo álcool ou pelo excesso de anidrido sulfuroso.
PÚRPURA - tonalidade dos vinhos tintos, lembrando o vermelho intenso com tendência ao violeta.
QUENTE - vinho justamente alcoólico, que provoca uma agradável sensação de calor.
RANÇOSO - vinho que apresenta sensações desagradáveis provocadas por alterações microbianas, caracterizadas por um gosto de manteiga azeda.
REDONDO - vinho rico em glicerina, álcoois e açúcares residuais, quase sempre junto a uma moderada acidez e escasso teor de taninos, que o tonam extremamente macio.
RESINOSO - vinho que apresenta sensações de resinas vegetais.
RETROGOSTO - conjunto de sensações finais, percebidas depois que o vinho foi deglutido.
ROLHA - defeito transmitido ao vinho pela rolha atacada pela "Armilaria mellea".
RUBI - tonalidade típica dos vinhos tintos maduros.
SALGADO - anomalia apresentada por certos vinhos ricos em sais minerais.
SÁPIDO - vinho agradável pela justa quantidade de ácidos e de sais minerais
SECO - pela legislação brasileira, é o vinho que apresenta um máximo de 5g/l de açúcares residuais
SUAVE - pela legislação brasileira, é o vinho que apresenta um mínimo de 20,1g/l de açúcares residuais. Termo empregado exclusivamente para designar o grau de doçura do vinho
SULFÍDRICO - defeito caracterizado pelo cheiro de ovos podres
SUTIL - diz-se de um perfume muito ligeiro ou de um vinho que oferece pouca se fracas sensações gustativas.
TÁNICO - vinho rico em taninos, encontrados principalmente nos tintos jovens; o mesmo que adstringente.
TÊNUE - vinho de pouca intensidade olfativa
TÍPICO - vinho no qual os caracteres de tipicidade são decisivamente marcados
TRANSPARÊNCIA - característica visual essencial a todos os vinhos de qualidade, tintos ou brancos. Na prática, um vinho é transparente quando permite a visão de um objeto colocado atrás do copo. Não deve ser confundida com limpidez.
TURVO - vinho com limpidez totalmente alterada, com grande quantidade de substâncias coloidais em suspensão.
VELADO - vinho com pouca limpidez.
VELHO - vinho que atingiu o último estágio de sua evolução e que ainda mantém características organolépticas apreciáveis. Vinho envelhecido.
VERDEAL - tonalidade dos vinhos brancos em que prevalecem reflexos esverdeados.
VINOSO - característica dos vinhos jovens, lembrando o cheiro de mosto da uva.

VIVO - vinho com ligeiro excesso de acidez, porém ainda agradável.

domingo, agosto 11, 2002

Terminologia da degustação/G - O

GENEROSO vinho de alto teor alcoólico, porém, acompanhado de uma estrutura e riqueza tais que o tornam plenamente satisfatório e tônico para o organismo. Também se usa para indicar os vinhos fortificados com aguardente vínica (tipo Porto).
GORDUROSO - vinho não apenas rico em maciez - provocada pela glicerina- , mas também cheio e carnoso.
HARMÔNICO - vinho em que todos os componentes encontram-se em perfeito equilíbrio.
HERBÁCEO - particular indício que apresentam certos vinhos jovens, como o Cabernet Franc, lembrando levemente o aroma de ervas frescas.
INTENSO - expressão usada para indicar vinhos ricos em matérias corantes, de bom impacto olfativo e gustativo.
JOVEM - vinho que, por não ter ainda completado sua evolução, pode apresentar algum desequilíbrio.
LEVE ou LIGEIRO - vinho com pouco corpo.
LÍMPIDO - vinho que, no exame visual, apresenta-se totalmente isento de partículas em suspensão.
MACIO - designa o vinho com bom teor de glicerina, justamente alcoólico e com pouca acidez.
MADEIRIZADO - vinho no qual a oxidação levou não só a um escurecimento da cor, mas também à formação de um cheiro característico de aldeídos. Nos vinhos do tipo Madeira e Marsala é um caráter de tipicidade.
MADURO - vinho que, em sua evolução, atingiu um estágio ideal, com pleno desenvolvimento das características organolépticas.
MAGRO - vinho pobre em extrato seco. Se não apresentar desequilíbrio, pode ser agradável.
MERCAPTANO - odor desagradável, devido à formação de compostos sulfurosos.
METÁLICO - sabor defeituoso conferido ao vinho por certos metais como o cobre e o ferro.
MOFO - defeito provocado por um excesso de umidade causado por bactérias, transmitido ao vinho por tonéis em mal estado de conservação ou através da rolha.
MOLE - vinho ao qual faltam totalmente acidez e vivacidade.
MOSTO - líquido denso e muito doce, obtido do esmagamento da uva fresca, e que ainda não sofreu fermentação. NERVOSO - vinho no qual a riqueza de acidez impressiona viva e favoravelmente os órgãos dos sentidos.
NÍTIDO - diz-se de um perfume com uma só nuance bem definida ou de um gosto único e bem caracterizado.
OPALESCENTE - usa-se para indicar um vinho, em particular branco, levemente velado.
OURO - tonalidade do amarelo própria de certos vinhos brancos, apresentando nuances que vão do claro ao ouro antigo.
OXIDADO - vinho alterado em suas características visuais, olfativas e gustativas pelo contato com o ar. A cor fica mais escura que o normal e a acidez tem uma queda acentuada, com uma tendência para o madeirizado.

Continua

sábado, agosto 10, 2002

Terminologia da degustação/C - F

CEREJA - cor um pouco viva dos rosados, lembrando a cereja.
CHAMBRER - adaptar o vinho à temperatura-ambiente.
CHAMPAGNE - espumante- método de espumatização que consiste em refermentar o vinho na própria garrafa. Tradicionalmente usado na região de Champagne.
CHAPTALIZAÇÃO - prática que consiste na adição ao mosto de açúcares não provenientes da uva, quando esta se apresenta pobre em açúcares naturais. Permitida apenas e alguns países, onde é prevista em lei.
CHARMAT - método de espumatização criado por Eugene Charmat, em que o vinho sofre a segunda fermentação em grande recipiente.
CHATO - vinho com carência de acidez fixa.
CLARETE - cor mais carregada que o cereja; tonalidade dos rosados que mais se aproxima dos vinhos tintos.
COMUM - vinho de consumo corrente, não distinguido por classificações especiais.
CORPO OU EXTRATO - é constituído de todos os elementos que permanecem após a evaporação da água, do álcool e das substâncias voláteis. Na prática, é formado por taninos, ácidos, sais minerais e substâncias pécticas
. CORTE - prática de cantina que consiste na mistura de dois ou mais tipos de vinho, ou de vinhos da mesma casta de safras diferentes.
COZIDO - sabor que adquirem certos vinhos submetidos a um processo de pasteurização mal conduzido.
CURTO - vinho de pouca persistência olfato/gustativa, fugidio.
DECANTAR - ato de transferir o vinho da garrafa para uma jarra, com o propósito de separar os sedimentos originários do envelhecimento.
DECRÉPITO - vinho que, por excesso de envelhecimento, apresenta-se apagado, quase sem perfumes, cor ou sabor.
DEFEITUOSO - vinho que apresenta cheiros ou sabores estranhos, devidos geralmente à falta de higiene da cantina ou à má conservação dos recipientes utilizados.
DELICADO - define um vinho elegante, gracioso, que apresenta particular harmonia e qualidade.
DENSO - vinho, que, no aspecto visual, apresenta-se com densidade superior à da água. Característica dos vinhos doces tipo Sauternes.
DESARMÔNICO - vinho que, pela carência ou excesso de um ou mais componentes, resulta desequilibrado do ponto de vista gustativo.
DOCE - vinho no qual o sabor doce dos açúcares predomina sobre os demais sabores. Açúcares residuais acima de 50g/l. No Brasil, o mesmo que "suave".
DURO - vinho rico em acidez fixa e taninos. Característica de tintos jovens.
EFERVESCENTE - diz-se de um vinho que desprende gás carbônico, em forma de pequenas bolhas.
ELEGANTE - vinho muito equilibrado, fino, de classe.
ENCORPADO - terminologia usada em degustação para indicar um vinho rico em extrato seco (corpo).
EQUILIBRADO - vinho em que todos os componentes estão na proporção correta, principalmente o álcool e os ácidos.
ESCORREGADIO - vinho que apresenta densidade semelhante à da água.
ESPUMANTE- todo vinho obtido por uma segunda fermentação alcóolica (tipo champagne). O termo é utilizado para indicar esse tipo de vinho produzido fora da região de Champagne.
ESTRUTURADO - vinho com boa presença de álcool, ácidos e taninos. FIM-DE-BOCA - sensações finais, gustativas e olfato/gustativas, percebidas após a deglutição do vinho.
FINO - vinho de qualidade, cujas sensações olfativas e gustativas são elegantemente equilibradas.
ETÉREO - diz-se do perfume que apresenta característico odor de éteres. Próprio dos vinhos envelhecidos.
EVANESCENTE - no exame dos espumantes, refere-se à espuma que desaparece rapidamente.
FIADEIRO - vinho doente, que apresenta densidade semelhante à do azeite.
FOXY - odor que caracteriza os vinhos provenientes de uvas americanas ou de híbridos produtores diretos. Lembra o cheiro vulpino.
FRAGRANTE - vinho cujo frescor olfativo abre as mucosas nasais, dando uma sensação agradável como a hortelã.
FRANCO - indica um vinho que, no seu aspecto olfativo, é absolutamente isento de defeitos.
FRESCO - no aspecto gustativo, refere-se ao vinho com ligeiro excesso de acidez, mas ainda assim muito agradável.
FRISANTE - vinho ligeiramente efervescente, com uma certa riqueza de anidrido carbônico, porém inferior à dos espumantes.
FRUTADO - diz-se de um vinho com aroma e gosto de frutas frescas. Características dos vinhos jovens.
FUGÍDIO - vinho de pouca persistência olfativa e olfato/gustativa.

Continua

sexta-feira, agosto 09, 2002

Terminologia da degustação/A -
Aos amantes dessa arte, apresentamos um glossário com as expressões utilizadas na degustação de vinhos. Embora sejam só palavras, procuram traduzir o oceano de sabores e sensações que a bebida consegue produzir.

ABOCADO ou ADAMADO - vinho levemente doce, amável.
ACASTANHADO - nuance de cor dos vinhos tintos, lembrando a cor da castanha ou do tijolo. Geralmente associada a vinhos envelhecidos.
ACETIFICADO - vinho com forte presença de ácido acético ("avinagrado")
ACIDEZ - formada pelos ácidos presentes no vinho, de origem fermentativa ou da própria uva. Em determinadas concentrações, confere ao vinho vivacidade, sapidez e frescor. Pode ser - fixa pela presença dos ácidos orgânicos (tartárico, málico, lático e cítrico) ou - volátil, proveniente do acetato de etila.
ACÍDULO - vinho no qual existe um ligeiro excesso de acidez, mas ainda agradável. ACRE - Indica a sensação desagradável de excessiva acidez e tenacidade, provocando irritação das mucosas.
ADSTRINGENTE - vinho com excesso de taninos, áspero, duro, que deixa na boca uma sensação de "sica". É uma característica dos tintos jovens. Popularmente chamado de "rascante".
ADULTERADO - usa-se para indicar um vinho acrescido de substâncias estranhas à sua composição e/ou não admitidas por lei.
AFINADO - vinho que evoluiu corretamente, adquirindo perfeito equilíbrio entre aroma e sabor.
AGRADÁVEL - expressão usada quando o conjunto aroma-sabor está organolepticamente equilibrado.
AGRESSIVO - vinho com excesso de acidez e adstringência, ainda jovem ou em processo de evolução.
AGRIDOCE - grave doença do vinho, provocada por bactérias láticas que transformam os açúcares residuais em manite, provocando um sabor ao mesmo tempo acre (devido aos ácidos) e doce (pela manite), que lembra a fruta super madura.
AGULHA - sensação tátil proveniente da presença do gás carbônico, bem característica dos vinhos verdes.
ALARANJADO - nuance de cor dos vinhos tintos, lembrando a cor da casca da laranja madura. Característica de vinhos envelhecidos.
ALCOÓLICO - vinho no qual o elevado teor de álcool é percebido de maneira desarmônica, acima dos demais componentes .
ALTERADO - vinho que sofreu qualquer mutação de caráter físico-química ou enzimática.
ARDENTE - vinho que provoca uma sensação tátil de causticidade ("queimação"), devido a seu alto teor alcoólico.
AMADURECIMENTO - processo de evolução dos vinhos submetidos a um estágio em grande recipiente.
AMARGO - um dos quatro sabores elementares percebidos na língua, provocada por substâncias fenólicas, entre as quais o tanino. Doença causada por bactérias láticas, que atacam a glicerina e a transformam em acroelina, que combinando-se em seguida com os polifenois provoca amargor.
AMBAR - tonalidade de amarelo, cor típica de alguns vinhos licorosos. Nos vinhos comuns denota oxidação ou madeirização.
AMBIENTAR - tornar o vinho compatível com a temperatura do ambiente onde será servido. O mesmo que "chambrer".
AMPLO - vinho com "bouquet" rico e com muitas nuances, oferecendo agradáveis sensações olfato/gustativas.
ANÁLISE SENSÓRIAL - exame das propriedades organolépticas do vinho através dos órgãos dos sentidos. AROMA - conjunto de sensações percebidas diretamente por via nasal ou retro nasal (através da boca). Pode ser primário ou varietal (derivado da própria uva), secundário (originário da fermentação) ou terciário (originário do envelhecimento, que em conjunto com os anteriores produz o chamado "bouquet").
AROMÁTICO - vinho cujo aroma provém diretamente de castas aromáticas (p.ex: Sauvignon, Malvasia, Traminer).
ARQUETES OU LÁGRIMAS - efeito provocado nas paredes do copo após agitação. É um fenômeno de tensão superficial, provocado pela evaporação do álcool; quanto mais amplos, menor a presença do álcool.
ÁSPERO - vinho rico em taninos e em acidez, bastante duro. Geralmente associado aos tintos jovens.
ATIJOLADO - indica o vinho tinto cuja cor tende ao ocre, lembrando o vermelho-tijolo e apresentando uma tonalidade pouco vivaz. É uma característica dos vinhos envelhecidos.
ATÍPICO - vinho que não apresenta qualquer elemento ou caráter de tipicidade.
AUSTERO - diz-se de um grande vinho, bem estruturado e envelhecido, que manteve uma ligeira tanicidade.
AVELUDADO - vinho extremamente macio, lembrando a textura do veludo.
AVINAGRADO- que apresenta excesso de ácido acético; vinho próximo de se tornar vinagre.
BLANC DE BLANCS - vinho branco elaborado exclusivamente com uvas brancas.
BLANC DE NOIRS - vinho branco produzido a partir de uvas tintas.
BOUQUET - conjunto de sensações olfativas adquiridas pelo vinho no ambiente reduzido da garrafa, englobando também os aromas primários e secundários. Característica dos vinhos envelhecidos.
BRANCO-PAPEL - vinho quase incolor . Característica de alguns brancos jovens.
BRILHANTE - vinho com perfeita transparência e luminosidade. Característica dos brancos jovens.
BRUT - termo que designa o tipo de espumante natural com menor teor de açúcares residuais.

Continua

quarta-feira, agosto 07, 2002

Vinho-Sabor andino
Don Melchor, excepcional exemplar produzido pela vinícola Concha y Toro, é resultado da crescente preocupação em se produzir vinhos chilenos de fabricação artesanal, que primam pela qualidade e pelo sabor.
A geografia conspirou para que o Chile se tornasse um dos principais territórios do vinho no Mundo Novo. O solo argiloso, de boa drenagem, e o clima temperado, com estiagem e chuvas nos períodos certos, se mostraram condições ideais para o cultivo da uva. Coroando uma área vastíssima que compreende também os vales do Maipo, Rapel, Curicó, e Maule, os muros de neve da cordilheira andina preservam o microclima local e defendem de doenças os vinhedos nativos. Não é de se admirar que o Chile tenha se tornado um dos principais produtores e o sexto maior exportador de vinho do planeta. Na Vinícola San Pedro, no Maule, a cerca de três horas de Santiago, os tanques de fermentação, de inox, verdadeiros colossos, chegam a ter capacidade de 500 mil litros. Isso não impede que a fabricação artesanal também venha ganhando força no Chile, resultado de uma crescente preocupação com a qualidade, daí os vinhos premium e os chamados superchilenos, envelhecidos em barris de carvalho, à moda dos grandes châteaux. Mas deve-se sobretudo à produção industrial, em larguíssima escala, a reconhecida vantagem oferecida pelos produtos chilenos na relação preço-qualidade. Entre os produzidos de forma artesanal, merece destaque o Santa Helena Selección del Directorio Cabernet Sauvignon 97, com aromas de cassis, ervas, alcaçuz e tabaco que denotam o grau de envelhecimento. É um vinho macio, com taninos presentes e final prolongado. Outro que não deixa a desejar frente ao apuro técnico dos grandes châteaux é o Don Melchor Cabernet Sauvignon 96, da ilustre vinícola Concha y Toro, localizada no vale do Maipo. Ameixas, cassis, chocolate e tabaco, além de suaves notas de menta e baunilha, proporcionam um sabor fino e elegante, com taninos maduros que fazem o vinho complexo e agradável. Mas se o interesse for na relação custo-benefício, bons exemplares chilenos revelam-se uma escolha sem erros: o branco Santa Helena Reservado Chardonnay 98, feito pela vinícola San Pedro, apresenta aromas de maracujá, abacaxi e toques minerais, rendendo boa acidez e persistência\; já o tinto Santa Rita Cabernet Sauvignon 98, embora deva ser tomado já pois não tem estrutura para evoluir, é uma boa opção com leve aroma de pimenta-do-reino. Em qualquer caso, não há como negar que tanto especialistas quanto consumidores estão se rendendo ao sabor andino, trazendo-o à mesa ou às páginas das melhores publicações.

Como conservar seus vinhos?
O segredo de um bom vinho pode muitas vezes estar na maneira como é conservado.

Todo bom apreciador de vinhos sabe: guardá-los em condições adequadas é fator essencial à evolução de seu sabor. Temperatura, umidade, vibração e luz, são apenas alguns dos cuidados que permitem degustá-lo em todas as fases de seu desenvolvimento. E isso mesmo quanto àqueles que não demandam tanto tempo até mostrar todas suas qualidades. É claro que isso não implica em nenhum extremismo: não há maiores problemas em deixar algumas garrafas de vinho para consumo imediato expostas à temperatura ambiente.Mesmo assim, nunca é demais atentar para a boa conservação. Os cinco sentidos agradecem!
A temperatura (fator primordial)
O vinho envelhece e eventualmente avinagra através de uma série de reações químicas. Em geral, quanto maior a temperatura mais rápidas se tornam as reações. É por isto que um vinho exposto a uma temperatura maior vai envelhecer mais rápido (e estragar mais rápido) do que o normal.
A temperatura de uma adega deve variar entre 12 e 18 C, sendo os 16 C a média ideal. Mas cuidado: se a temperatura for alta demais, o vinho acaba por ter vida muito curta, além de perder aroma, frescor e complexidade.
Umidade
A umidade ideal de uma adega é ao redor de 75%. Muita umidade pode causar o aparecimento de mofos nos rótulos e nas rolhas. Pouca umidade pode secar e encolher a rolha, aumentando o contato com o ar, o que poderia estragar o vinho. É justamente por isso que a tradição aconselha a deitar-se as garrafas, mantendo assim o vinho sempre em contato com a rolha, evitando seu conseqüente ressecamento.
A vibração
Quanto mais paradas as garrafas estiverem, melhor. Assim, evita-se que os sedimentos se dispersem alterando a viscosidade da bebida.
Luminosidade
A luminosidade também acelera as reações químicas, colaborando para o envelhecimento precoce do vinho. Por isso aconselha-se armazenar as garrafas em um ambiente escuro.
E depois de aberto
É possível guardar o vinho por algum tempo depois de aberto, embora ele vá gradualmente perdendo em aroma e complexidade. O grande problema é a exposição ao ar e ao calor. Tampe a garrafa com a própria rolha e a coloque na geladeira. Isto permitirá que ela dure um ou dois dias. Quanto mais líquido na garrafa melhor, pois a exposição ao ar será menor. Uma ótima solução é um dispositivo chamado Vacuvin, que retira o ar da garrafa e permite que o vinho dure mais tempo depois de aberto.
Curiosidades
A região do Mediterrâneo foi o grande centro de cultura e difusão do vinho. Os egípcios usavam a bebida inclusive nas cerimônias religiosas dos funerais, há 3 mil anos antes de Cristo. A Ilíada e a Odisséia, poemas gregos anteriores ao século 7 a.C., mencionam o
vinho como produto corrente. Os gregos, à medida que expandiam seu domínio, levavam também a cultura da uva e do vinho que legaram ao futuro Império Romano. Os Romanos viriam a fazer o mesmo, pavimentando de vinhas seu roteiro de conquistas pela Europa. Tanto gregos quanto romanos tiveram célebres divindades enófilas: Dionísio e Baco. No início da Idade Média, a Igreja católica, adotou também a produção do vinho.
Os hoje tão preciosos vinhedos da Bourgogne franceses nasceram como fonte de vinho de missa produzido pelos conventos.

terça-feira, agosto 06, 2002

Syrah, casta da moda
Certamente que todos os enófilos conhecem bem o termo monocasta. Nos últimos anos, tem-se verificado um aparecimento no mercado de vinhos das mais variadas castas. De fato, estes vinhos têm tido um papel bastante importante no conhecimento e aprendizagem do consumidor. Por outro lado, esta moda tem levado a que tenham sido lançados no mercado vinhos que não são completos e lhes falta algo, aquilo que tecnicamente se chama equilíbrio de um vinho. Mas que mais se pode dizer, são vinhos da moda...
Apesar das condições de clima e solo também contribuírem para as características de um vinho, a maior influência é a da casta. Assim, os vinhos elaborados a partir da mesma casta têm algumas características comuns que permitem identificar essa casta a partir da prova.
Quando se fala em vinhos monocasta da moda, pensamos nos Cabernet Sauvignon. Contudo, existe uma outra casta que a nível mundial está a desafiar esta fama - a Syrah. Esta casta representa em França, país de onde é originária, cerca de 2% dos encepamentos, sendo encontrada principalmente na Côte du Rhône, mais concretamente nas sub-regiões de Hermitage e Côte Rôtie. Alguns vinhos produzidos nesta região, começaram a ser reconhecidos mundialmente como estando ao nível dos melhores Bordeuax ou Bourgogne. Entre estes, destacam-se o "Hermitage La Chapelle " de Jaboulet, e "Côte Rôtie La Mouline", de Guigal. A sul da Côte du Rhône, na região de Châteauneuf-du-Pape, esta casta é considerada secundária e entra geralmente em lote (onde poderá ser misturada com cerca de 13 castas).
Mas apesar do sucesso em França, a fama desta casta deve-se aos países do Novo Mundo, com largo destaque para a Austrália, onde esta casta adoptou o nome Shiraz e representa cerca de 40% das vinhas tintas. Com tendência para ser bastante produtiva em solos férteis, deve ser "controlada". O método mais habitual é a poda em verde, cortando-se os cachos ainda verdes para baixar a quantidade produzida por cada videira e reduzir a competição pelos nutrientes.
Os vinhos obtidos são concentrados na cor, estruturados e com taninos presentes, aromas a frutos pretos (amoras, cereja preta, ameixa), e ainda alguns aromas exóticos e notas florais tais como a violeta. Em França, as características desta casta são um pouco diferentes, devido ao clima menos quente que origina vinhos mais elegantes, por vezes com um ligeiro apimentado no aroma e taninos mais marcantes. Em ambos Países, os vinhos podem envelhecer durante longo tempo.
Não será portanto motivo de espanto que o vinho australiano mais conceituado e prestigiado - o Grange Penfold´s, seja elaborado com esta casta. Na Austrália é comum estes vinhos serem loteados com o Cabernet Sauvignon, resultando uma combinação excelente de estrutura, volume, taninos, fruta e elegância. No fundo, a razão do lote de várias castas é a procura deste equilíbrio.

segunda-feira, agosto 05, 2002

CONHECENDO VINHOS E REGIÕES DA FRANÇA
A França é referência porque faz vinho há mais tempo e melhor do que a maioria das mais famosas regiões vinícolas do mundo. E ditou o padrão que muitos produtores aspiram. Pode parecer simples, mas não é.
Pegue só uma garrafa de vinho francês: o rótulo está todo em francês, enquanto boa parte dos vinhos de outras regiões pelo menos apresentam uma colher de chá em inglês. Se você não tiver alguma intimidade com a língua ou com o vinho francês vai ser difícil saber o que tem dentro da garrafa – a não ser que o vinho é tinto, branco, rosé ou espumante. É que o francês respeita o tempo todo a tradição. Ao contrário de muitas regiões, os rótulos franceses apresentam os vinhos segundo a sua origem, região e produtor, em vez da variedade da uva, como nos Estados Unidos.
Daí que você precisa entender um pouquinho da geografia e das regiões vinícolas francesas. Por exemplo, o famoso Château Mouton-Rothschild (que o tal pedante vive lembrando, mas talvez nunca tenha provado). Ele é um Bordeaux (um estado), da região de Pauillac – onde se produz vinhos com determinado e exclusivo perfil. Viu como é complicado? Pois o Mouton-Rotschild é feito quase que somente da uva Cabernet Sauvignon, que em nenhum momento é mencionada no rótulo.
Aprender a decodificar esses rótulos pode ser um desafio, mas tem suas grandes recompensas para você que tem um tantinho a mais de paciência.
O truque é o terroir
A França é a origem de todas as variedades de uvas nobres – Chardonnay, Sauvignon Blanc, Sémillon, Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinot Noir e Syrah. Mas as leis do país, que datam da antigüidade, determinam que somente algumas dessas variedades podem ser usadas em certas regiões. A tradição tem força de lei. Então, o truque é tentar saber o que está em cada garrafa, e em que quantidades, e de onde ela se origina.
Mas saber a origem do vinho é importante? Muito, muitíssimo! O francês chama isso de terroir – uma palavra que traduz as condições de plantio de um vinhedo: clima, solo, drenagem, altitude, latitude etc. Pode acreditar, um vinho feito com a Cabernet Sauvignon no meu quintal pode ter sabor, aroma e cor completamente diferente se for produzido no do vizinho. Assim, o tal do terroir é a chave para você ter uma idéia melhor do que está dentro da garrafa.
Agora, existem cerca de dez grandes regiões vinícolas na França. Vamos olhar as cinco mais comuns e, talvez, as mais importantes.
Bordeaux
Aqui, a maioria dos vinhos é de tintos secos. Apenas cinco variedades de uvas tintas são permitidas: Cabernet Sauvignon, Merlot, Malbec, Cabernet Franc e Petit Verdot. Os vinhos brancos só podem ser feitos com a Sauvignon Blanc, Sémillon e Muscadelle.
A região não só é grande produtora, como abriga algumas das vinícolas e vinhos dos mais prestigiosos, raros e caros do mundo. As uvas tintas mais usadas são a Merlot e a Cabernet Sauvignon. As demais entram para estabelecer um equilíbrio que ora resulta em mais corpo, mais longevidade, mais aroma, cor etc.
Os preços podem ir dos R$ 15,00 aos R$ 2.000,00 por garrafa. Na média, você pode achar um bom Bordeaux por R$ 50,00 - pelo menos lá. Aqui, com impostos e as margens dos comerciantes, a coisa fica um pouco mais salgada.
Borgonha
Qual a região mais importante: Bordeaux ou Borgonha? Para os experts, é o mesmo que perguntar qual o time brasileiro mais querido: Flamengo ou Corinthians? É discussão interminável.
A Borgonha é região para quem está procurando por uma verdadeira Chardonnay, tida como a rainha das uvas brancas. Ou pela delicada Pinot Noir, uma das variedades mais sofisticadas de uva tinta. É também a terra da uva Gamay, a que faz o famoso Beaujolais, visto como a ovelha negra da região, pela sua imensa popularidade e enormes volumes de venda.
A Borgonha é terra das pequenas propriedades (ao contrário de Bordeaux), com produções muito reduzidas. Por isso, os melhores vinhos mal chegam nas melhores lojas, são difíceis de encontrar. As principais regiões da Borgonha são: Chablis, Cote d'Or, Cote Chalonnaise, Maconnais e a já citada Beaujolais – a única que faz tintos com uma uva que não a Pinot Noir. É a terra da Gamay.
O Ródano
A região do vale do rio Ródano é conhecida mais pelos seus vinhos tintos, embora alguns brancos também sejam produzidos por aqui. É o lugar onde podemos achar grandes vinhos por preços, digamos, competitivos (se compararmos com Bordeaux e Borgonha).
A região é divida entre Norte e Sul. A uva tinta Syrah domina a parte norte e outra tinta, a Grenache, a área sul. O norte responde por apenas 10% da produção total e muitos de seus vinhos são ricos, encorpados, raros e muito caros. Ao contrário da maioria dos vinhos do sul: com alto teor alcoólico, poucos taninos, mais simples e preços razoáveis. Acessíveis, portanto. No sul, a região mais conhecida é a Côte du Rhône, onde você vai encontrar vinhos com bons preços e muito sabor.
Loire e Alsácia
Essas duas regiões são mais conhecidas pelos seus vinhos brancos, frescos e ácidos. No Loire, os vinhos são feitos com as brancas Sauvignon Blanc, Chenin Blanc e a Muscadet. Procure pelos vinhos Sancerre, Vouvray e Pouilly-Fumé - que são lugares, cidades (e não vinícolas) que deram nomes aos vinhos. A acidez desses vinhos transforma-os em grandes companheiros de comidas. É para você não esquecer.
Na Alsácia, a história é outra. Pois, em razão de estar na fronteira alemã, ter pertencido algumas vezes à Alemanha, seus rótulos contradizem tudo o que dissemos sobre a tradição francesa. Essa é a única região que rotula seus vinhos pelo tipo de uva e local de origem (a Alsácia). Fica bem mais fácil. As principais uvas utilizadas na região são a Riesling, a Gewürztraminer, a Pinot Gris e a Pinot Blanc.
Outra maneira de identificarmos o vinho alsaciano é pelo formato das garrafas. Elas são altas, delgadas, elegantes. Os preços são pra lá de acessíveis, embora nos últimos tempos comecemos a encontrar alguns tesouros com custo salgadíssimo.

domingo, agosto 04, 2002

TESTE SEU LADO SOMMELIER
A revista norte-americana Wine Spectator, especializada em vinho, premia anualmente aqueles restaurantes, em todo o mundo, pela qualidade de suas listas e o tamanho de suas adegas. Ou seja: o restaurante pode ter uma lista pequena, média ou grande, mas a revista analisa a qualidade da mesma: espumantes, tintos, brancos, rosés, fortificados, doces, das principais regiões do mundo estão presentes? As faixas de preços estão bem divididas? Você encontra bons vinhos com preços acessíveis ou só bons vinhos caríssimos? A adega é boa, tem muitos rótulos? Dá para você pedir aquela garrafa mais algumas vezes? Há vinhos em taças? Há meias garrafas? Os copos têm qualidade? Tem gente que saiba explicar sobre o vinho e como combiná-lo com os pratos do cardápio? Os vinhos são corretamente servidos (temperatura, manejo da garrafa etc.)?
O Brasil foi o único país da América do Sul a ser premiado, ano passado, pela excelência do serviço de vinhos de alguns de seus restaurantes. São eles: o Café Laguiole, do Rio; o La Bourgogne, de São Paulo; o Vecchio Sogno e o Splendido, ambos de BH, e o Taste-Vin, de Curitiba. Olha que grandes centros vinícolas como a Argentina e o Chile, ficaram de fora da seleção da respeitada revista. E olha mais ainda que esses países são produtores reconhecidos mundialmente, com vinhos formidáveis, e com o amor pela bebida correndo à farta no sangue das suas populações.
Portanto, temos já uma boa base para servir vinho de modo exemplar. De qualquer modo, a principal queixa recai, sobretudo, na afetação do serviço. É o uso de expressões complicadas, referências misteriosas, francesismos desnecessários. Acredito que isso ocorra num estilo de restaurante meio sobre o emergente, meio sobre o metido a besta, muito pum pra pouca titica. Existe em qualquer lugar. De qualquer modo, para você não perder a viagem, tente fazer o seguinte teste. No final das contas, você vai mesmo é ajudar o restaurante a treinar melhor seu pessoal. E tirar um senhor sarro.
O que temos agora é uma pequena prova, uma série de perguntinhas para o garçom ou mesmo o dito sommelier. Você aproveita e ainda avalia os seus conhecimentos. As respostas estão no final da coluna.
Seu sommelier, me responda:
1. As rolhas de cortiça são usadas nas garrafas de vinho porque:
a) são mais baratas do que qualquer outro tipo de fechamento;
b) dão mais sabor ao vinho;
c) permitem que o arejamento do vinho ocorra mais lentamente;
d) são impermeáveis, flexíveis, duráveis e fáceis de encontrar e produzir
2. Os maiores produtores de vinho são, pela ordem:
a) Estados Unidos;
b) Austrália;
c) Itália;
d) Espanha;
e) França
3. O que é o tanino, finalmente? O que é um "vinho tânico"?
a) vinho fica com um cheiro de couro;
b) ele dá corpo ao vinho (como num "vinho encorpado");
c) é um problema relativo ao sabor ou ao aroma do vinho;
d) é um componente adstringente, amargo, encontrado em quase todos os vinhos (principalmente nos tintos) que contribui para o amadurecimento/envelhecimento dos mesmos
4. Qual dessas uvas resulta normalmente num vinho com mais taninos?
a) Merlot;
b) Grignolino;
c) Sauvignon Blanc;
d) Cabernet Sauvignon;
e) Riesling
5. O que acontece com o vinho quando o deixamos "respirar" antes de servi-lo (ou seja, ficar aberto por um tempo, seja na sua própria garrafa ou num decantador):
a) ele envelhece melhor na garrafa aberta do que no decantador;
b) automaticamente ficará mais saboroso;
c) "respira" para desenvolver melhor seus aromas, sabores e ficar mais equilibrado;
d) nenhuma dessas respostas.
6. O copo deve ser preenchido:
a) até a metade;
b) até próximo à borda;
c) apenas um terço do seu volume.
7. Para melhor apreciarmos os aromas do vinho, a tradição manda que giremos o copo:
a) sempre para a direita;
b) se a pessoa é canhota, para a esquerda;
c) nenhuma das respostas acima.
8. Porque a maioria dos vinhos tem o ano (a safra) no rótulo e a maioria dos champanhes franceses não?
a) porque essa é a tradição na Champagne;
b) alguns champanhes têm a safra no rótulo: é quando a safra é excepcional
c) quando não tem, é porque fizeram um blend de vinhos de várias safras, o que é mais comum.
9. Os vinhos "Meritage" têm esse nome porque:
a) derivam de "merit" (mérito) e "age" (idade): "envelhecem com mérito", com qualidade;
b) fazem parte de um grupo de vinícolas que só fazem vinhos ao estilo de Bordeaux;
c) para imitar os vinhos Hermitage, a mais famosa apelação do Vale do Ródano.
10. Qual as diferenças entre Blanc Fumé, Fumé Blanc, Pouilly-Fumé e Blanc Fumé de Pouilly?
a) são sinônimos da Sémillon Blanc;
b) são uvas brancas que passam por um processo de defumação ("fumé" em francês);
c) são sinônimos da Sauvignon Blanc.
Respostas:
1.d) Só falta dizer que são as maiores responsáveis pelo envelhecimento (ou amadurecimento) do vinho nas garrafas.
2. Os cinco maiores produtores de vinho do mundo são pela ordem: Itália (54.188 mil hectolitros; França (52.671 mil hectolitros); Espanha (30.320 mil hectolitros); Estados Unidos (20.450 mil hectolitros) e Argentina (12.673 mil hectolitros). A Austrália é o 8o produtor com 7.415 mil hectolitros. O Brasil é o 17o colocado, com 2.782 mil hectolitros. Os dados são do mais recente levantamento do Office International de la Vigne et du Vin (O.I.V) publicado em 1998.
3. d)
4. A Cabernet Sauvignon é considerada a uva com maior presença de taninos. Na lista, a Grignolino viria em segundo lugar. É uma uva do Piedmont, região ao noroeste da Itália. A Merlot é uma uva tinta muito popular, associada aos grandes vinhos de St.Émmilion e Pomerol, em Bordeaux, onde é a cepa mais plantada. É macia, uma Cabernet Sauvignon sem adstringência. A Sauvignon Blanc e a Riesling são uvas brancas, com pouquíssima presença de taninos.
5. d) Muita gente diz que "arejar" o vinho (deixar a garrafa aberta ou decantá-lo) por um tempo promove o seu bouquet (o conjunto de aromas derivados do amadurecimento na garrafa). Mas enólogos da importância do célebre professor Émile Peynaud, do Instituto de Enologia da Universidade de Bordeaux, discordam. Segundo eles, a ação do oxigênio é prejudicial ao vinho. Quanto maior for o tempo da decantação (ou da garrafa aberta), mais o oxigênio tornará imprecisos seus aromas e outros atributos sensoriais. Conselho do professor Paynaud: devemos decantar apenas vinhos que contenham sedimentos.
6. c) Um terço ou um pouco menos da metade da taça.
7. c) É uma brincadeirinha. Gire o copo como quiser: na direção dos ponteiros do relógio ou ao contrário. Só não deixe respingar.
8. b)
9. b) Esse grupo de vinícolas faz parte da Meritage Association, baseada nos Estados Unidos (e, na maior parte, na Califórnia) que exclusivamente produz vinhos ao estilo de Bordeaux, a partir de blends com a Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Petit Verdot, entre os tintos. E Sauvignon Blanc, Sémillon e Muscadelle, entre os brancos. O nome, Meritage, foi criado para lembrar Heritage, a "herança" de fazer vinhos como em Bordeaux.
10. c) A Fumé Blanc é criação do grande Robert Mondavi para popularizar a Sauvignon Blanc nos Estados Unidos. Teve grande sucesso. Todas as citadas são sinônimos da Sauvignon Blanc.

sábado, agosto 03, 2002

O PODER DO VINHO QUE BORBULHA
O vinho é poderoso por duas razões. A primeira tem relação com o álcool, como você já estava adivinhando. Vem, justamente, da segunda razão: o aroma. E esse é o motivo fundamental, que ampara toda a equação entre homens, mulheres, vinho, amor e sexo.
Para entendermos melhor, precisamos voltar para aquele pomar dos primórdios ou, como chamam os católicos, o Jardim do Éden, o Paraíso. Quando mulheres e homens eram meros protótipos e Deus fazia experiências com eles (que osso vou usar - uma costela, talvez?), ficou decidido que os lóbulos frontais de nosso cérebro fossem ligados diretamente ao nosso bulbo olfativo - ou meramente órgão do olfato, que fica atrás do nariz e entre nossos olhos, processando tudo quanto é aroma.
Ele possui pequenos receptores localizados na nossa passagem retronasal, que captam os aromas que passam tanto quando inspiramos ou expirarmos o ar. Os receptores levam essas informações diretamente para os lóbulos frontais, integrantes de massa encefálica, justamente a região da querida cuca que realiza a parte mais dura de nosso trabalho mental.
Nenhuma outra informação eletroquímica se processa tão direta e rapidamente quanto os aromas. Eles têm passe livre, são chapas-brancas, passam direto, sem perguntas. Essa conexão, inclusive, nos ajudou desde os primórdios a entender o mundo, a perceber o que tínhamos à nossa volta: sem o sentido do olfato, provavelmente seríamos comidas pelo leão e não saberíamos onde estava a nossa caça.
Sob um ângulo evolucionário, podemos dizer que nosso órgão do olfato ajudou a desenvolver o tamanho e a qualidade, a esperteza dos nossos lóbulos frontais. E nele encontra-se também a parte dedicada às emoções. Não é de espantar, portanto, que os aromas têm o poder de disparar memórias e com elas emoções. Proust também sabia disso.
Aromas disparam memórias de fossa, rejeição, conquista e também de amor, sexo, desejo...
O vinho libera o amor
Apesar de cercados de mistérios, os aromas dos vinhos ajudam a despertar esses desejos, sentimentos, emoções, afetos e ganas amorosas. Os vinhos têm uma miríade de aromas, todos gerados pela combinação de componentes orgânicos presentes em cada garrafa, em cada taça.
Você pode até não acreditar nisso quando lê nos críticos notas sobre vinhos com aromas de palha, de carne de caça, morangos, nozes, limão, maçã, cravo, bacon, terra e até xixi de gato. O que é que isso tem de erótico? Só que esses aromas, quando se juntam com os efeitos fisiológicos e psicológicos do álcool, podem transformar a simples Maria numa Julia Roberts. E não precisa ser um vinho caro para fazer a mágica.
Estão lá Maria e José, naquele cantinho, duas velas na mesa, festejando o seu namoro com o vinho preferido. Entre os dois estão voando uma série de mensagens, sinais químicos chamados de feromônios, que são os equivalentes externos aos hormônios, as mensagens químicas que ocorrem dentro do nosso corpo.
Os feromônios viajam pelo ar ou pela água. Servem para atrair seres da mesma espécie. Ou mesmo para detê-los, afastá-los. Uma pesquisa do ano passado, realizada nos Estados Unidos, sugere que os feromônios de certas variedades de uva, particularmente a Pinot Noir, são muito semelhantes aos feromônios humanos.
Aqueles aromas comuns à Pinot Noir - especiarias, terra, almíscar e palha - estão muito próximos àqueles associados ao principal aroma masculino, a androsterona.
Trufas e aromas com toques de carvalho (comuns em vinhos que são fermentados ou amadurecidos em barris) são também associados a androsterona. É como se a bola estivesse rolando e, de repente, o vinho se comportasse como Ronaldinho e ajudasse a fazer um gol.
Será que isso explica a popularidade dos vinhos que amadurecem por muito tempo em barril? Como, atualmente, certo estilo de Chardonnay (da Austrália e da Califórnia, principalmente). Será que é por isso que a Cabernet Sauvignon é a uva tinta mais popular do mundo, com aqueles aromas de baunilha que o carvalho dos barris proporciona?
Mas enquanto a androsterona é o principal aroma masculino (as mulheres também o possem, mas em pequeníssimas quantidades), qual seria o aroma feminino? Segundo um trabalho importante sobre o olfato humano, conduzido por um médico americano de sobrenome pra lá de sugestivo, John Amoore, os principais aromas femininos são a tietilamina e o ácido isovalérico. Seus odores característicos são, respectivamente, os de peixe e queijos.
Aromas de peixe são raros de serem encontrados nos vinhos. Mas os do ácido isovalérico podem ser repetidos num vinho espumante - na Champagne, em particular - e nos queijos. Claro que toda essa ciência e esse papo olfativo prova o que a tradição e o folclore já sabem há séculos. Um champanhe (de preferência aquela com endereço em Rheims ou em Epernay) e um bom tinto vão ajudar a fazer a mágica, seja no Dia dos Namorados ou no dia que você determinar que seja aquele do encontro de Chapeuzinho com o Lobo.
Qual a poção?
A mais tradicional é o Champagne - ou qualquer bom espumante.
Você sabe que o champanhe é um vinho que pode acompanhar desde uma entrada, o prato principal e ir até a sobremesa. Poucos pratos competem com essas bolhas, ligeiramente ácidas e com aromas delicados.
Ela existe em vários estilos. A "blanc de blancs", normalmente feita inteiramente com a uva Chardonnay, tende a ser o mais delicado, com toques cítricos e florais.
A maioria dos champanhes rotulados como "Brut" (secos) são feitos com a Pinot Noir (e, em alguns casos, com a Pinot Meunier) e mais a Chardonnay: terão bom corpo e sabor.
As "blanc de noirs" são as feitas com uvas tintas - como acontece com a maioria dos champanhes rosés. São também mais encorpadas e com aromas lembrando morango ou framboesa.
Não se importe se o champanhe escolhido não tiver o ano da safra no rótulo. A maioria (cerca de 85%) dos champanhes franceses não tem essa data. Isso porque cada champanhe é produzido com uvas de outros anos, outras safras, embora 40% do vinho contido na sua garrafa sejam de uma só safra.
Para assegurar que seus feromônios viajarão carregados de ácido isovalérico, não esqueça de pedir queijos, companheiros naturais dos vinhos espumantes e do Champagne em particular. Queijos como o cheddar, o Gruyère, os de textura firme como os de cabra. Evite apenas os queijos muito gordurosos e cremosos.
A garrafa das flores
Se quiser um palpite sobre que champanhe escolher, aqui vai um. Procure pela Perrier Jouet Fleur de Champagne - um tradicional produtor que há 100 anos lançou a hoje célebre "garrafa das flores". A garrafa, decorada com flores, em desenhos muito elegantes e delicados, é com certeza uma mensagem de bom gosto, grande sabor e muito amor. Não é muito fácil de encontrar e o preço não ajuda. Mas que é uma pedida, não há dúvidas.
St. Amour
Mais fácil de encontrar e bem mais barato é esse tinto com a palavra amor no rótulo - um vinho especial e saboroso da região de Beaujolais. Especial porque não é o Nouveau ou o Village. É um estilo de Beaujolais que resiste ao tempo, bem mais maduro, mais fino, só feito em 10 localidades da região de Beaujolais.
Mas quem foi St. Amour ("Santo Amor")? Tudo que se sabe é que ele devia ter sido um soldado romano, chegado na região após abandonar o exército na Gália. Seu nome pode ter sido "Amor" ou "Amore". Era uma boa pessoa e a cidade onde viveu, na parte norte do Beaujolais, hoje leva seu nome. Há uma estátua dele na cidade, próximo à igreja de, claro, St. Amour, mostrando exatamente como era, se de fato existiu.

sexta-feira, agosto 02, 2002

DICAS DE LIVROS PARA PRESENTE
Você não vai ler para criar caso e confundir, nem para acreditar piamente em tudo, muito menos para inventar assunto no wine bar e tentar fazer bonito. Não, deve ler para pesar, analisar e traçar seus rumos, obter mais orientações nesse mundo rico e movimentado dos vinhos. Aqui vão algumas sugestões.
De Vinhos e Rosas – Amaury Temporal, 1992, Editora Civilização Brasileira. Você vai saber mais sobre a vinicultura francesa. Amaury Temporal, membro efetivo da confraria Chevaliers du Tastevin, promotora dos vinhos da Borgonha, reúne erudição com emoção – o que é raro. Cobre os grandes vinhos de Bordeaux, Borgonha, do Challonais, Maconnais, Beaujolais, e do Vale do Rhône, Alsácia, Loire, e Champagne. Dá dicas sobre adegas, copos, servir, degustar. Enfim, completíssimo. Um livro pra ler, reler e repetir. Pode ser que não haja novas edições. Tente em sebos, que estão cada vez melhores.
Vinho & Guerra – Don e Petie Kladstrup, Jorge Zahar Editor, 2002. O vinho é um dos principais itens representativos da França. Está associado a situações festivas, mas nas guerras a história é outra. Aqui, revela-se como os franceses lutaram pela sua pátria a partir do vinho, tentando salvá-lo dos nazistas como se fosse a sua verdadeira identidade nacional. Você lê como um thriller digno de Hitchcock ou Dashiell Hammet (O Falcão Maltês). E torce despudoradamente pelos mocinhos, os vinicultores franceses, claro.
Jancis Robinson's Wine Tasting Workbook – Conran Octopus Limited, 2000, Inglaterra. Não é à toa que a inglesa Jancis Robinson é a minha guru. Ela consegue, numa linguagem bem humorada e simples, fazer com que você aprenda efetivamente sobre vinhos a partir de uma série de exercícios de degustação – e nem todos envolvendo o vinho. Talvez você encontre mais barato na Amazon.com. Fundamental.
Jancis Robinson Tastes the Best Portuguese Table Wines – Jancis provou 250 dos melhores vinhos portugueses em 1999 e o resultado é esse senhor guia para as boas garrafas da terrinha – . Você pode encontrá-lo via Amazon.com ou na edição portuguesa, pela editora Fernanda Barros (livroscotovia@mail.telepac.pt). É só fazer contato que ela remete pra você.
Manual Enciclopédico do Vinho – Stuart Walton, Editorial Stampa, Lisboa, 1998. Você pode encontrar aqui em português ou encomendá-lo via Amazon.com, mas em inglês (The World Encyclopedia of Wine, Annes Publishing Limited, 1995). Edição luxuosa, que parece ter sido feita apenas para enfeitar a mesinha de centro, mas se revela um bom panorama do mundo dos vinhos, cobrindo desde os seus princípios básicos, às principais variedades de uvas e às várias regiões importantes. A França apenas merece um capítulo. O restante da Europa, a África e o Oriente mais outro. A América e o resto do mundo (tamos aí), o terceiro capítulo. Muito bem produzido, com belas fotos, tradução esforçada. Um belo presente.
Vinhos, a Arte da França & A Viticultura no Brasil – De Mauro Marcelo Alves, editora DBA, 2000. Mauro é jornalista, enófilo e chef de cozinha. Morou na França e fez estágios na área de vinhos e gastronomia. Foi editor do Guia 4 Rodas e também é autor de “Vinho do Porto, muito prazer” e de “O espírito da cachaça”. O livro, um belíssimo trabalho editorial que por si só bastaria para tê-lo em casa, repassa a história do vinho, suas origens e logo, logo, chega na França, cobrindo todas as suas regiões. Mas, como grande bônus, acrescenta um bom capítulo sobre o Brasil, as origens de nosso vinho, o papel dos imigrantes, o início da comercialização, vindo até a modernização. Inclui ainda uma lista com as nossas principais vinícolas e mais ainda: receitas com vinhos, além de um glossário. Um presente importante. E muito bonito, a cara de uma grande garrafa de Bordeaux.
A História do Vinho – Hugh Johnson, Companhia das Letras. A primeira edição foi em 1999. Deve estar na décima. É um senhor sucesso. Outro dos meus gurus, Hugh Johnson mostra o seu saber enciclopédico sobre o vinho, contando tudinho desde as suas nebulosas origens, passando pelos faraós, gregos, romanos, judeus, cristãos e muçulmanos, avançando pelo império de Carlos Magno, o renascimento das vinhas européias, o papel dos monges, pelo tempo em que os ingleses eram donos de Bordeaux. E avança paciente e detalhadamente até os anos 80. Ufa! São quase 600 páginas de prazer e conhecimento. Não conheço melhor maneira de saber sobre o vinho e sobre os homens.
Vinho e Comida – Joana Simon, Companhia das Letras, 2000. Joana é colaboradora especializada do londrino The Sunday Times, escreve para diversas revistas e é autora de Discovering Wine, um sucesso editorial. É especializada na relação dos vinhos com a culinária – tema do livro. Aqui você vai ter um excelente guia das melhores combinações de vinho e comida. Não vai sair da sua cabeceira.
A cozinha e seus vinhos – Saul Galvão, Editora Senac, SP, 1999. Saul já escreveu para o Estadão, para o Jornal da Tarde; estagiou no Moulin de Mougins, restaurante do célebre Roger Vergé, e no Troigros, do próprio, em Roanne. É um livro prático, com uma rápida introdução sobre os vinhos, as uvas, o serviço, a degustação, as combinações com comidas. Acrescenta uma ótima seção de receitas, bastante completa e clara, aonde, em cada uma, vai a sugestão de vinho para acompanhá-la. Esse livro não sai da minha estante por nada. Acho melhor que o da Joana Simon pois prestigia a cozinha brasileira.
The Oxford Companion to Wine – Jancis Robinson, Oxford University Press, 1999. A melhor enciclopédia sobre vinhos que conheço. São quase mil páginas de informações passadas com rigor científico, mas gostosamente escritas por Jancis. Não é um presente barato, mas vale mais do que pesa. Você encontra numa Da Vinci ou via Amazon.com.
The World Atlas of Wine – Jancis Robinson, Hugh Johnson, Octopus Publishing Group, 2001, sétima edição. Um trabalho monumental, com mapas de todas as regiões vinícolas do mundo. Inclui também uma parte de história, da evolução do vinho no mundo, um glossário, um apêndice com os termos mais utilizados em degustação. Você na verdade "vê" os vinhedos, conhece mais sobre os solos e acaba sabendo a razão de ser de cada vinho. É como deveríamos aprender geografia. Imperdível. Pela sua importadora preferida, pelo site da Jancis ou via Amazon.com.
Hollywood Cocktails – Tobias Steed e Ben Reed, Octopus Publishing Group, 1999. Você vai dizer que o vinho pouco aparece nesse livro. É verdade, com exceção do champanhe, que rola o tempo todo. Mas é um presente divertido, para quem sabe tudo, tem todos os livros e está com a adega lotada de bons vinhos. Aqui, você vai saber dos drinques de filmes clássicos, como Casablanca, Gata em teto de zinco quente, A um passo da eternidade, Bonequinha de Luxo, entre outras gemas. Saber quais são e como fazê-los. O texto e a pesquisa são de Tobias Steed e as receitas de Ben Reed. Papai vai brilhar mostrando como se faz um White Lady, um Whisky Mac, um Champagne Cocktail, um Vodka Martini, um Singapore Sling (que aparece em Casablanca), entre outros drinques famosos. Embrulhe com um engov.
O Ritual do Vinho – Mauro Corte Real, AGE Editora, 1999. Mauro é professor universitário e conhece as principais regiões vinícolas mundiais. Ganhou o primeiro prêmio no "Concurso Literário do Vinho da Bairrada", em Portugal, e foi o primeiro brasileiro a receber o "Troféu Vitis Personalidade Enológica", da Associação Brasileira de Enologia. Gaúcho, autor de vários livros, escreve descomplicadamente sobre o ritual do vinho, como escolher e servir, como guardar e conservar, as temperaturas corretas, como fazer a prova do vinho, em que copos e como segurá-los. Também inclui uma seção sobre harmonização de vinhos e comidas. Muito útil.
Vinhos Brasileiros de Qualidade – De José Figueiredo. É um VT contendo um documentário apresentado pelo sommelier José Figueiredo sobre a verdadeira face dos vinhos brasileiros. O trabalho identifica a influência dos fatores naturais, as variedades de uvas, suas principais características e os segredos da degustação do vinho. José Figueiredo é professor universitário, colaborador de várias revistas especializadas na área e premiado pela ABS. Você pode encontrar o VT em lojas de vinho, delis, algumas livrarias ou pelo e-mail artevinica@bol.com.br ou pela produtora Ilimitada (48-626-1953 ou ilimitada@tro.matrix.com.br).