quinta-feira, outubro 24, 2002

DICAS



Dica 1
Avaliação Visual:
Avalie o vinho contra a luz ou contra um guardanapo branco e observe a sua limpidez, seu brilho, sua transparência, sua cor. Verifique enfim seu aspecto.
Dica 2
Avaliação Aromática:
Cheire profundamente o vinho ainda em repouso no copo. Procure descobrir os diferentes aromas. Esses são os aromas primários, ou seja; derivados do tipo da uva. Depois parta para os aromas secundários e terciários, aqueles que se formam durante e após a fermentação. Você poderá sentí-los se agitar o copo com movimentos giratórios rápidos e cheirá-lo novamente.
Dica 3
Avaliação Gustativa e Tátil:
Ponha um bom gole de vinho na boca por uns 10 ou 12 segundos e perceba as diversas sensações de paladar que podem surgir e avalie seu "corpo".
Nosso paladar, bastante inferior ao nosso olfato, está na língua. Sentimos quatro classes de gostos: Doces (ponta da língua), Acidez (laterais da língua), o Salgado (meio da língua) e o Amargo (fundo da língua). E conseqüentemente as misturas deles.
Dica 4
Retrogosto e Retro-olfato:
Ao engolir o vinho, preste atenção à sensação que permanece na boca, mais duradoura ou mais curta, mais agradável ou com qualquer traço desagradável. Procure sentir junto ao gosto, um pouco do cheiro (retro-olfato) quando você saboreia arejando um pouco a boca ainda com o vinho por engolir.
Dica 5
O que não é bom com o vinho, além do mau humor:
Assim como o melhor vinho é aquele que você mais gosta, a melhor combinação também. Portanto, experimente sempre. Porém, sempre é bom observar algumas regras:
Limão e vinagre são muito ácidos e agridem as papilas gustativas, anulando assim a avaliação que teríamos do vinho. Portanto, vinho com saladas não é lá uma boa pedida.
Vegetais crus também não são receptivos ao vinho.
Alho e cebolinha dificultam o paladar em função dos ácidos e doces simultâneos, direção oposta à dos vinhos. Alho frito demais também interfere no paladar, principalmente dos tintos.
Mais de dez condimentos diferentes se juntam para se fazer o "Curry", que tem paladar muito acentuado, tornando-se assim, um inimigo da boa degustação de um vinho.
No caso das sobremesas os inimigos da degustação são as saladas de fruta, pelo excesso de acidez, os doces com bebidas, ou os muito açucarados que deixam ácidos os vinhos de sobremesa e os sorvetes que acabam por anestesiar as papilas. As sobremesas com chocolate predominante devem ser acompanhados por um Porto ou por um Banyuls.
De qualquer forma, lembre-se sempre que a escolha do vinho deve procurar harmonizar o conjunto degustativo, tornando o alimento completo. E vá experimentando. Nada melhor do que isso...
Dica 6
Precisamos aprender a treinar nosso olfato.
Os aromas são grande parte do prazer de um vinho. Fechar os olhos e sentir todas as nuances que ele nos guardou anos dentro da garrafa, trazendo traços de sua origem, de seu solo e clima é uma viagem para um sonhador e, conseqüentemente, maior prazer e respeito ao vinho, à natureza e ao homem que o produziu.
Captados pelo nariz, nosso cérebro é capaz de sentir até 25.000 tipos distintos de cheiros!!! Já sabemos que o cheiro é o mais rápido de nossos sentidos no caminho do cérebro e no aroma de um vinho, nós enófilos (nada mais do que apreciadores de vinho) encontraremos grande parte de nosso prazer, como também muita informação importante.
Os aromas presentes nos vinhos se dividem em três tipos básicos: Frutas, Flores e Vegetais, além dos grupos particulares que são os de Torrefação, Alimentos e Odores de Animais.
O grupo das frutas se divide em dois: Frescas e Secas.
No grupo das frescas a maçã é a mais predominante principalmente em vinhos brancos, por um motivo: ela, como as uvas, têm em sua composição o ácido málico. Como também o cheiro de limão em vinhos brancos jovens, tem a ver com a acidez.
De um modo geral, sente-se aroma de fruta de polpa branca em vinhos brancos e frutas de polpa vermelha nos tintos.
Além das maçãs, encontra-se também odores de: pêra, abricó, pêssego, abacaxi, marmelo e banana.
Nos tintos, a framboeza, a amora, o morango, a ameixa e o cassis.
O cassis é o grande elemento de identificação dos grandes tintos da Bourgogne, todos feitos a partir da uva Pinot Noir.
As frutas secas se mostram muito sugestivas, principalmente a amêndoa grelhada e a avelã, nos grandes vinhos da Bourgogne e também os grandes da Itália, principalmente do Piemonte e também os da Austrália e da Califórnia, todos produzidos a partir da uva Chardonay.
O aroma do figo seco pode aparecer em alguns grandes tintos de safras excepcionais de Bordeaux e também de alguns vinhos do Porto.
Já o cheiro de ameixa seca, pode revelar problemas com a vinificação e engarrafamento dos tintos, mas é virtude nos vinhos doces Banyuls e Riversalts, provenientes da uva Grenache.
A relação das flores com os aromas dos vinhos também obedece de forma geral certa lógica com as cores: as de pétalas brancas, rosas e amarelas, são próximas dos vinhos brancos jovens, enquanto as vermelhas e violetas são sugeridas pelos tintos.
As rosas, por exemplo, têm muito a ver com as uvas Gewurstraminer e Muscat, enquanto a violeta marca presença em grandes tintos de Bordeaux (Margaux, principalmente)
Tanto tintos como brancos, em evolução após algum tempo na garrafa, propõem ao olfato uma nítida lembrança de flores secas.
Os vegetais se apresentam com os aromas: do pinheiro, do eucalipto, da menta, da folha do tabaco (tintos antigos), do feno cortado, da folha de nogueira(Vin Santo, Madeira, Jerez) entre outros.
Alguns tintos Chilenos e Italianos, apresentam, quando muito encorpados, odor típico de florestas e bosques. O carvalho, como é óbvio, acrescenta um caráter aos vinhos que repousam em barris feitos de sua madeira.
As ervas nem sempre indicam um bom vinho "o gosto é muito herbáceo"... costumam dizer os especialistas.
As especiarias e aromatizantes têm um papel nobre ao "explicar" um vinho.
Pimenta-do-reino, canela, noz-moscada, cravo, alcaçuz, gengibre, aniz, louro, sempre dão o ar de sua graça, mas nenhum se compara à presença de baunilha nos vinhos envelhecidos em tonéis de carvalho, cuja madeira exala um aroma dela derivado: a etilvanilina.
Por odores de torrefação entendem-se o café, a madeira queimada, o cacau, o caramelo, o chá e mesmo o asfalto! (Os Riesling da Alsácia e alguns brancos da Africa do Sul e da Califórnia)
Entre os aromas alimentares são freqüentes os de manteiga e o mel nos grandes vinhos brancos (Montrachet, Chablis Grand Cru e bons Chardonnay).
Por mais curioso que possa parecer, os vinhos feitos com uvas Sauvignon, por exemplo, podem ser florais e lembrar o cassis, o pimentão verde. Aliás, sobre o Cabernet Sauvignon uma curiosidade: às vezes costuma-se encontrar traços do aroma de xixi de gato!!!...
Capta-se também várias vezes o aroma de couro, de peles de animais de caça e do almíscar, em tintos já velhuscos mas ainda ricos em tanino. Não são odores desagradáveis e muitos viticultores europeus ficam felizes quando seus vinhos chegam a este ponto, considerando de grande elegância, aristocrático mesmo. É bastante claro para mim, por exemplo, num bom Barolo, depois de bem respirado, o aroma da pele de um bom "prosciuto crudo".
Quanto mais odores, melhor o vinho que iremos saborear.
Dica 7
Temperaturas:
As temperaturas ideais para melhor aproveitarmos os vinhos são as seguintes:
Champagne e Sauternes - 7º C
Brancos - 8 a 10º C
Rosés - 10º C
Beaujolais e Côtes du Rhône - 14º C
Tintos - 17 a 18º C
Dica 8
Guarda:
Devemos guardar os vinhos sempre em lugares frescos, meio úmidos e sem luz, além de ausente de cheiros de materiais de limpeza, por exemplo. Existem hoje adegas-armário, climatizadas especialmente para isso. Não é frescura para quem tem condições de comprar bons vinhos de boas safras.
Guardam-se deitados para que a rolha não resseque e para permitir a vedação adequada.
Vinhos brancos bebe-se sempre novos, com dois a quatro anos, podendo chegar a cinco ou dez anos em vinhos especialíssimos como o Montrachet ou os Chardonnay de raça.
Aqui vale ressaltar a exceção aos Sauternes que podem e devem envelhecer até mais de 10 anos, chegando facilmente aos cinqüenta anos ou mais, caso do famosíssimo Château D'Yquem.
Os vinhos verdes do tipo Casal Garcia bebe-se sempre o mais jovem possível, ideal no primeiro ano.
Os tintos encorpados e de boa safra, esses sim, devem ter uma certa idade para estarem realmente prontos. Os Bordeaux, os Barolos ou Brunelos, são vinhos de muita guarda, como se diz. Há Brunelos de mais de cem anos na adega dos Biondi Santi!
Dica 9
Decantar:
O decanter nada mais é do que uma boa e limpa garrafa de cristal, bem bojuda. Ele é usado para duas coisas: salvar de nossos copos a borra que ficou na garrafa e arejar, deixar respirar o vinho que durante tanto tempo ficou amadurecendo dentro da garrafa, repousado em sua adega.
Portanto, se não for para curtir a beleza e elegância de seu "decanter" ele só deveria ser usado com vinhos de mais de quinze anos, por aí.
Se for então o caso, você deve deixar em pé sua preciosidade por pelo menos duas horas, para que os depósitos desçam. Depois, remova com muito carinho a rolha e vá despejando lentamente o vinho no decanter. Costuma-se usar do auxílio de uma vela no lado oposto de sua visão, para ajudar a enxergar o momento em que chegam os depósitos e assim evitá-los.
Dica 10
Copo ideal
Os copos bojudos e grandes, que permitem aerar o vinho e liberar seus aromas, são os melhores para você aproveitar o prazer olfativo de um vinho.
Dica 11
Como ter às mãos, de maneira correta, o copo:
Segure sempre seu copo de vinho pela aste e não pelo bojo, assim você evita que o calor da mão altere a temperatura do vinho.
Dica 12
Variedade de vinhos numa mesma refeição:
Quando você quiser servir vários vinhos numa refeição, lembre-se do básico: Primeiro os mais leves e os brancos, seguido dos mais encorpados e dos tintos.
Dica 13
Champagne e Espumantes
Champagne são apenas os espumantes produzidos na região do mesmo nome na França. Os espumantes costumam ter outros nomes em outros países, como “Cava” na Espanha, “Sekt” na Alemanha, na Itália há entre outros espumantes os “Asti” (nome da região que produz espumantes) e o “Prossecco” (nome da uva).
Dica 14
Espumantes
Os espumantes são bebida ideal como aperitivo, pois têm a qualidade de aguçar nossas papilas gustativas, preparando nosso paladar para o que virá a seguir.
Dica 15
Para acompanhar Salmão podemos usar Borgonha Branco: Puligny Montrachet, Mersault, Corton Charlemagne, Chablis Grad Cru, ou um Chardonnay da Califórnia. Porém, podemos quebrar a regra com vinho tinto, como um Pinot Noir, um Merlot ou um Clarete leve.

terça-feira, outubro 22, 2002

O vinho no restaurante: o que, como e onde fazer
Um dos mais polêmicos aspectos do Vinho no Restaurante que dizia respeito à devolução de vinhos com problemas. Complementaremos hoje com algumas “dicas” para você não fazer feio quando quiser almoçar ou jantar fora.

Estudos em países com maior tradição vinícola que o nosso, provam que um dos momentos de maior tensão e nervosismo na ida ao restaurante é a escolha do vinho pelo cliente, havendo pessoas que chegam ao extremo de deixar de sair para não ter de enfrentar estes momentos de dúvida e incerteza, que transformam uma jornada alegre e divertida em um verdadeiro suplício.
Para algumas pessoas, comportar-se adequadamente diante de um sommelier ou de um maître em um restaurante é sinônimo de status e isto infelizmente justifica algumas situações absurdas, ridículas mesmo, como é o caso de devolução de garrafas em restaurantes por motivos como excesso de acidez ou falta de qualidade do vinho.

a) Acredite na relação étnica entre comida e vinho, imaginando que um Chianti acompanha bem massas com molhos vermelhos de tomate, não por acaso, mas que a sua acidez natural foi fator predominante para que houvesse com o tempo uma seleção natural deste vinho para esta comida;

b) Leve em consideração o seu poder aquisitivo, não se envergonhando de pedir vinhos mais baratos: é possível beber bem com vinhos de qualquer custo, desde que a sua seleção seja criteriosa;

c) Comece definindo claramente que prato você pretende comer, lembrando que um dos motivos pelos quais o vinho atingiu a fama que tem deveu-se ao fato do mesmo combinar-se muito bem com os alimentos, complementando-os. Para começar use elementos mais simples para combinar: vinhos leves com pratos mais leves, vinhos mais pesados ou alcoólicos com pratos mais capitosos. Tente a seguir combinar os componentes e aromas do vinho e do prato.

d) Exija no restaurante algumas coisas que são essenciais e melhorarão muito o seu prazer de beber, como copos adequados, o vinho servido à temperatura correta (e se for o caso pedir um balde com algumas pedras de gelo para resfriar um vinho tinto) enfim um serviço adequado e que deve ser mais exigente quanto mais cara for a garrafa pedida (um vinho com uma certa idade torna,por exemplo, obrigatória a decantação).

e) Tente estabelecer uma relação amistosa e cordial com o sommelier, pedindo dicas específicas sobre como os pratos são executados e sobre características específicas dos vinhos (acidez, corpo, grau alcoólico).

f) Analise atentamente a carta do restaurante que idealmente: 1-Não deve ser extensa para ser adequada; 2-Não deve ter só vinhos caros; 3-Não deve ter vinhos de uma só origem, ou país ou região ou importador; 4-Deve ter pelo menos três opções de vinhos de preços diferentes para cada prato; 5-Deve oferecer opções de vinhos em copos de boa qualidade; 6-Deve incluir espumantes, vinhos de sobremesa e fortificados; 7-Deve ser motivo de divertimento e nunca de medo ou auto-afirmação; g)Não se leve muito a sério, divirta-se !!!

segunda-feira, outubro 21, 2002

"Vinho cor do dia, vinho cor da noite,... vinho estrelado filho da terra, vinho liso como uma espada de ouro, suave como um desordenado veludo, vinho encaracolado e suspenso, amoroso...". O grande poeta Pablo Neruda sabia das coisas. Em sua "Ode ao vinho", ele cria metáforas a partir dos estilos de vinho.
Agora, vamos falar sobre a escolha dos vinhos encaracolados e suspensos, amorosos: os espumantes. E também sobre os fortificados. Antes, vale dar uma repassada no que chamamos de estilos de vinho para que tenhamos uma melhor compreensão dos espumantes.

Os tintos são feitos com uvas pretas, que são fermentadas com suas cascas e talos. Os brancos podem usar tanto uvas brancas como as pretas. É que as cascas e talos não entram no processo de maceração e fermentação. Apenas o sumo dessas uvas – que é branco. Os rosados (rosés) são produzidos a partir de uvas pretas, sem os talos. O sumo é separado das cascas logo que começa a ficar rosado.

Escolhendo os espumantes
Já os espumantes têm uma produção um tanto mais complexa. Em primeiro lugar, fazem um vinho branco de mesa. Em seguida, acrescentam fermento e uma pequena dose de açúcar. O vinho então é selado e guardado. Dentro da garrafa vai ocorrer uma segunda fermentação (a primeira Já aconteceu quando o vinho de mesa foi feito – um vinho ainda parado, ainda não "encaracolado"). É essa segunda fermentação que produz um gás (dióxido de carbono) do qual resultam as preciosas bolhas.
Os espumantes também variam muito em qualidade, caráter e estilo. Seu melhor exemplo é o Champagne francês, imitado em todo o mundo. Os estilos são tantos que vale voltarmos às perguntas. Para que você quer um espumante? Quer impressionar alguém, fazer com que caia em seus braços sem pestanejar? Quer quebrar um gelo e fazer de sua reunião social um acontecimento bem caloroso? Quer dar uma festa e não sabe qual a bebida irá receber aprovação de todos? Quer dar um presente sem medo de decepcionar? Quer exibir-se, demonstrar que é a dono do pedaço, está com tudo e ainda por cima está prosa?
Os espumantes, em particular o Champagne, sempre souberam responder muito bem a todas essas questões. São as bebidas talvez mais sedutoras, caindo bem em qualquer hora do dia, em qualquer ocasião e quase com qualquer prato.

Uma questão de méthode
Os Champagnes, os franceses feitos na região de mesmo nome, são, como dissemos, o protótipo. Outros vinhos espumantes variam: vão de concorrentes próximos desses franceses, feitos com as mesmas uvas e usando o mesmo sistema, até a vinhos espumantes, simplesmente, às vezes com sabores de frutas, às vezes sem qualquer sabor.
Os produtores de Champagne são ferozes defensores desse nome. Vinhos de qualquer lugar do mundo, mesmo se feitos pelo método tradicionalmente utilizado em Champagne, não mais podem usar o termo "méthode Champenoise" em seus rótulos.
Eles utilizam expressões como "Méthode Classique", “Méthode Traditionelle” ou algo como Fermentado na Garrafa. Você pode ficar tranqüila que tudo isso geralmente significa que são versões de qualidade para vinhos feitos através do método que utiliza aquela segunda fermentação na garrafa.

A ocasião e o espumante
O Champagne pode ser a primeira escolha para uma festa. Mas seu preço pode ser proibitivo. Você convidou umas 50 pessoas. Todas confirmaram. Todas gostam de vinho. Agora, multiplique 100 reais por garrafa (para um Champagne de boa qualidade) e calcule que cada convidado tomará pelo menos 4 taças (ou seja: 1 garrafa). Você terá de comprar 50 garrafas – desembolsar 5 mil reais!
Mas existem ótimas alternativas, e de boa qualidade. Mesmo entre os franceses, você pode escolher os espumantes da Borgonha, um pouco mais em conta. Ou os maravilhosos espumantes espanhóis, os Cava, ambos feitos pelo método de Champagne, o tradicional. São feitos, porém, com uvas um pouco mais neutras, têm menos peso e um tanto mais de acidez.
Os espumantes da Alemanha e os da Itália utilizam uvas que proporcionam sabor, mas são menos secos (ou seja: você sente a presença do açúcar no vinho). São vinhos feitos para serem bebidos bem jovens e servidos bem gelados. Bem mais baratos que os franceses e espanhóis, podemos servi-los em maior quantidade. São ótimos para matar a sede.
Um espumante seco (sekt) alemão, feito com a uva Riesling, é um grande quebra-gelo e com preço convidativo. Não esqueça de acender as velas.

Os tipos de Champagne obedecem à graduação de açúcar que recebem:
Brut: é a seca, com ¼ a ½%.
Extra-seco: de 3 a 5%.
Seco: de 4 a 6%.
Meio-Seco: de 6 a 7%.
Doce: de 8 a 12%.
Crémant: fica entre doce e meio-seco. É menos espumoso do que qualquer outro tipo de champagne. Sua pressão não passa de 3 kg (normalmente é de 6 kg). Quando a servimos não forma a espuma característica, mas uma espécie de creme. Daí seu nome.

Servindo espumantes
Um espumante deve ser servido numa taça tipo flute ou numa tulipa, à temperatura entre 5,6 e 8°C. Quando servir, primeiro coloque uma pequena quantidade na taça e espere que a espuma e bolhas se acalmem. Em seguida, encha no máximo 2/3 da taça.
Numa recepção, uma garrafa de 750 ml de espumante é suficiente para 3 ou 4 convidados. Numa refeição, considere uma garrafa para cada duas ou três pessoas. Num brinde mais formal (por exemplo, num casamento), uma garrafa serve de seis a 10 pessoas (um tantinho para cada um).

Escolhendo os fortificados
Chamamos assim pois, são vinhos que foram submetidos a um processo chamado de fortificação – através do qual o vinicultor acrescenta uma aguardente, normalmente de vinho, naturalmente com bom teor alcoólico, durante a fermentação do vinho.
O que acontece? A fermentação será interrompida, o vinho ficará com maior teor alcoólico e será mais doce (em razão do açúcar que restou do vinho, pois deixou de ser transformado em álcool). Você encontra vários vinhos com esse estilo. Os mais famosos são o do Porto, o Madeira, o Jerez (ou Sherry), o vermute, o Málaga, o Montilla, o Marsala, o Liqueur Muscat, o Liqueur Tokay, entre outros na Europa.
Mas você os encontra também no Novo Mundo: os da Austrália, Califórnia e África do Sul. Os vinhos fortificados clássicos são da península ibérica e da Itália: os portugueses do Porto e os da ilha da Madeira; os espanhóis Jerez e Málaga. Na Itália, temos o Marsala, na Sicília. Todos esses vinhos apresentam uma grande variedade de sabores. Podem ser austeramente secos até francamente doces.
Os Porto Vintage são doces quando jovens, mas ao amadurecer ficam secos. Todos os Jerez (Sherry) são secos. Há estilos mais doces quando o produtor adiciona um vinho doce. Os Jerez estilo Manzanilla e Fino nunca são doces, ao contrário dos Amontillado e Oloroso, freqüentemente meio-doces e doces. Os vinhos do Porto são doces quando sua fermentação é interrompida antes que todo o açúcar seja convertido em álcool, como vimos acima. Com a idade vão ficando mais secos.
Os fortificados podem ter também uma grande variedade de teor alcoólico. Alguns têm apenas 14-15°, com a maioria dos Portos e alguns Jerez chegando a 20° - quase duas vezes mais fortes que a maioria dos vinhos de mesa.

Servindo o Porto
Um vinho do Porto não deve ser servido à nossa temperatura ambiente - a partir de 21°C. Isso fará com que o vinho fique muito volátil e difícil de degustar. O melhor é servi-lo em torno dos 18°C.
Há copos especialmente criados para servir o Porto (e os demais fortificados). São uma reprodução em miniatura de uma flute de Champagne – cerca de um terço do seu tamanho. Devem ser cheios no máximo até a sua metade de modo a exibir melhor os seus aromas.
Os vinhos do Porto que tenham no rótulo Traditional LBV e Garrafeira devem ser bebidos assim que abertos – e até a última e deliciosa gota.

domingo, outubro 20, 2002

SE QUISER, VOCÊ PODE SER O SEGUNDO ENÓLOGO
Na história das bebidas fermentadas, o vinho começou a se destacar das outras quando se descobriram algumas virtudes, tais como a enorme gama de gostos e características em função do solo, clima e variedade de uva, assim como a magnífica capacidade de melhorar com o passar do tempo. Devido aos componentes específicos e ao justo teor alcoólico, o vinho reage com o tempo, e reage bem quando conservado em condições apropriadas.
Em absoluta anaerobiose, ou seja, ausência de ar, o vinho sofre transformações resultantes de fenômenos químicos que proporcionam a formação de substâncias voláteis que enaltecem e completam os aromas e o gosto.

Por condições apropriadas se entende:
- absoluta ausência de luz natural
- umidade controlada entre 60 e 70%
- temperaturas constantes ou com variações de no máximo 3 graus.
- temperatura situada entre 12 e 16 graus.
- garrafas conservadas na posição horizontal
Tendo estas condições, você pode desfrutar da fase de acabamento ou aprimoramento de um vinho, sempre que este possua o potencial para lográ-lo. Ou seja, para envelhecer propositalmente um vinho e lograr que ele melhore, é necessário reconhecer nele, antecipadamente, características apropriadas. Mas afinal, quais são estas características?

Vejamos algumas:
Boa estrutura de cor: através de uma análise visual é possível detectar alta intensidade de cor e transparência. Indicam uvas maduras e boas condições de sanidade.

Boa carga de aromas vínicos: na análise olfativa identificamos os bons precursores aromáticos, que permitirão a formação do bouquet intenso e complexo. São aromas frutados, geralmente de frutas de casca vermelha como cereja, ameixa, amora incorporada ao vinho no processo de maceração. Nos vinhos amadurecidos em carvalho, é de esperar evolução na cor, com o surgimento de tons laranjas mais ou menos intensos. A baunilha deve aparecer combinada com os aromas anteriores. Quando muito evidente, sinal do uso de maravalha e não barrica.

Estrutura de boca: através de uma análise gustativa se conhece o corpo e a presença de taninos, que são o esqueleto do vinho. Sem estes atributos o vinho terá vida curta. A tanicidade diminui com o envelhecimento. Descarte vinhos “muito redondos e acabados” para envelhecer. Poderá perdê-los no caminho.

Agora, mãos à obra: tomada a decisão e preparadas as condições, agora é escolher o vinho. Quando descobrir um, adquira uma caixa com doze garrafas. Escreva a data e o local da compra nos rótulos ou em etiquetas complementares.
A cada três meses abra uma garrafa e observe sua evolução, procurando fazer uma curva ideal de consumo, ou seja, qual foi o momento no qual se apresentou melhor.
Se uma vez terminada a caixa, tendo passado nada mais e nada menos do que três anos, você tem a sensação de que valia a pena ter mais umas garrafas, sinta-se feliz e realizado. Poucas pessoas fizeram o mesmo. Poucas pessoas se sentiram tão participativas na vida de um vinho como você. Se o vinho pudesse falar, certamente diria: sentirei saudades, parceiro!

sábado, outubro 19, 2002

ENÓLOGO, ENÓFILO, SOMMELIER...

No mundo do vinho existem profissionais que desempenham as mais diferentes atividades. Conhecida é a importância dos enólogos, profissionais preparados em Escolas Superiores ou Faculdades na arte da elaboração do vinho. Eles são extremamente importantes da cantina para dentro. Porém, é inegável o papel relevante que desempenham os enófilos, os amantes do vinho, aqueles que, em definitivo, cumprem a função sublime de consumir o que os enólogos fazem. São a verdadeira razão da existência da uva, do vinho...e dos enólogos.
O enófilo
Algumas pessoas confundem o significado da palavra enófilo, o amante do vinho, com a de enólogo, o elaborador do vinho.
Enófilo tem um sentido mais amplo e significa "pessoa que gosta do vinho", mas que não tem responsabilidade sobre sua elaboração.
O mundo do vinho é tão apaixonante que o número de enófilos cresce a cada dia que passa. O entusiasmo é tal que surgem formas de organização de enófilos tais como Associação dos Amigos do Vinho, Academia doVinho, Clube do Vinho, Confraria do Vinho, Confraria do Champagne, etc.
As listas de discussões de vinhos na Internet ganham adeptos permanentemente, sendo seu principal objetivo a troca de informações. Este interesse em saber mais, em aprofundar os conhecimentos, aprender a degustar, a reconhecer as características dos diferentes vinhos fez com que as cantinas começassem a proferir cursos de degustação. A pioneira foi a De Lantier da cidade de Garibaldi no Rio Grande do Sul, elaboradora do premiado Baron de Lantier, que iniciou a série de cursos em 1988 e foi tal o êxito, que formou a Confraria De Lantier, que na atualidade é formada por quase 14.000 membros
Outras cantinas seguiram seu exemplo tais como Salton, Miolo e George Aubert.
O enólogo
Enólogo é o profissional responsável pela elaboração dos vinhos. A rigor, também é um enófilo, por gostar do vinho.
As legislações específicas de todos os países estabelecem os níveis de preparação e o título que devem ter os profissionais que são responsáveis pela elaboração dos vinhos e derivados.
No Chile, os engenheiros agrônomos são facultados a responder pela elaboração dos vinhos, não existindo nenhum curso de nível médio ou universitário de enologia.
Na Argentina, existe um Curso de Nível Médio e uma Faculdade onde se formam Enólogos Técnicos em Frutiolivicultura e Licenciados em Enologia. São os únicos habilitados para responder por uma cantina.
No Uruguai, a escola é de Nível Médio e os Enólogos formandos são os únicos habilitados.
No Brasil, existe em Bento Gonçalves a Escola de Enologia, de nível médio e a Faculdade onde se formam os Tecnólogos de nível superior.
O Sommelier
O sommelier é o profissional que desempenha suas funções em restaurantes é conhecido como "o maitre das bebidas e dos charutos". Ou seja, o sommelier deve conhecer, para poder orientar seu cliente, sobre todo tipo de bebida, desde água, café, chás e muito especialmente bebidas alcoólicas. Atualmente, com o advento da fase dos charutos, voltou e fazer parte de suas atribuições.
Dánio Braga, italiano , proprietário do Restaurante Locanda de la Mimosa, no Rio, sommelier profissional fundador da Associação Brasileira de Sommeliers -ABS, descreve assim a história desta profissão antiqüíssima exercida na antiguidade por nobres já que aos escravos era reservada a tarefa de servir as comidas.
"Na civilização grega, este personagem era conhecido como "arconte" ou "simposiarca", encontrado nos "simpósios" onde cumpria as funções de administrar o serviço e escolher os jarros e taças para o vinho.
Na época da Roma Imperial, localiza-se o mesmo indivíduo atuando durante os "prandii" (banquetes) com o nome de "Rex bibendi". Nos séculos seguintes, , principalmente na época do Renascimento, todos os nobres tinham um "copeiro" auxiliado por um "garrafeiro".
Já em 1700, aparece citado nos editos do duque de Savóia, com a denominação de "Somegliere di bocca e di corte" e, portava um anel com as iniciais ducais para lacrar os barris sob os seus cuidados. Seguem-se notícias e detalhes da atividade desta personagem em todos os banquetes nas cortes européias, até chegarmos à época da grande cozinha francesa, que impôs ao mundo toda uma terminologia própria- "maitre, chef de cuisine, chef de rang" - sempre utilizada na língua original. Assim nasceu a expressão "sommelier", usada para designar o profissional encarregado do serviço do vinho".
Enólogo
Indivíduo que perante o vinho toma decisões.
Enófilo
Indivíduo que perante as decisões toma vinho.

Oi, pessoal! Voltamos a falar de vinhos! Espero que gostem!