A França é referência porque faz vinho há mais tempo e melhor do que a maioria das mais famosas regiões vinícolas do mundo. E ditou o padrão que muitos produtores aspiram. Pode parecer simples, mas não é.
Pegue só uma garrafa de vinho francês: o rótulo está todo em francês, enquanto boa parte dos vinhos de outras regiões pelo menos apresentam uma colher de chá em inglês. Se você não tiver alguma intimidade com a língua ou com o vinho francês vai ser difícil saber o que tem dentro da garrafa – a não ser que o vinho é tinto, branco, rosé ou espumante. É que o francês respeita o tempo todo a tradição. Ao contrário de muitas regiões, os rótulos franceses apresentam os vinhos segundo a sua origem, região e produtor, em vez da variedade da uva, como nos Estados Unidos.
Daí que você precisa entender um pouquinho da geografia e das regiões vinícolas francesas. Por exemplo, o famoso Château Mouton-Rothschild (que o tal pedante vive lembrando, mas talvez nunca tenha provado). Ele é um Bordeaux (um estado), da região de Pauillac – onde se produz vinhos com determinado e exclusivo perfil. Viu como é complicado? Pois o Mouton-Rotschild é feito quase que somente da uva Cabernet Sauvignon, que em nenhum momento é mencionada no rótulo.
Aprender a decodificar esses rótulos pode ser um desafio, mas tem suas grandes recompensas para você que tem um tantinho a mais de paciência.
O truque é o terroir
A França é a origem de todas as variedades de uvas nobres – Chardonnay, Sauvignon Blanc, Sémillon, Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinot Noir e Syrah. Mas as leis do país, que datam da antigüidade, determinam que somente algumas dessas variedades podem ser usadas em certas regiões. A tradição tem força de lei. Então, o truque é tentar saber o que está em cada garrafa, e em que quantidades, e de onde ela se origina.
Mas saber a origem do vinho é importante? Muito, muitíssimo! O francês chama isso de terroir – uma palavra que traduz as condições de plantio de um vinhedo: clima, solo, drenagem, altitude, latitude etc. Pode acreditar, um vinho feito com a Cabernet Sauvignon no meu quintal pode ter sabor, aroma e cor completamente diferente se for produzido no do vizinho. Assim, o tal do terroir é a chave para você ter uma idéia melhor do que está dentro da garrafa.
Agora, existem cerca de dez grandes regiões vinícolas na França. Vamos olhar as cinco mais comuns e, talvez, as mais importantes.
Bordeaux
Aqui, a maioria dos vinhos é de tintos secos. Apenas cinco variedades de uvas tintas são permitidas: Cabernet Sauvignon, Merlot, Malbec, Cabernet Franc e Petit Verdot. Os vinhos brancos só podem ser feitos com a Sauvignon Blanc, Sémillon e Muscadelle.
A região não só é grande produtora, como abriga algumas das vinícolas e vinhos dos mais prestigiosos, raros e caros do mundo. As uvas tintas mais usadas são a Merlot e a Cabernet Sauvignon. As demais entram para estabelecer um equilíbrio que ora resulta em mais corpo, mais longevidade, mais aroma, cor etc.
Os preços podem ir dos R$ 15,00 aos R$ 2.000,00 por garrafa. Na média, você pode achar um bom Bordeaux por R$ 50,00 - pelo menos lá. Aqui, com impostos e as margens dos comerciantes, a coisa fica um pouco mais salgada.
Borgonha
Qual a região mais importante: Bordeaux ou Borgonha? Para os experts, é o mesmo que perguntar qual o time brasileiro mais querido: Flamengo ou Corinthians? É discussão interminável.
A Borgonha é região para quem está procurando por uma verdadeira Chardonnay, tida como a rainha das uvas brancas. Ou pela delicada Pinot Noir, uma das variedades mais sofisticadas de uva tinta. É também a terra da uva Gamay, a que faz o famoso Beaujolais, visto como a ovelha negra da região, pela sua imensa popularidade e enormes volumes de venda.
A Borgonha é terra das pequenas propriedades (ao contrário de Bordeaux), com produções muito reduzidas. Por isso, os melhores vinhos mal chegam nas melhores lojas, são difíceis de encontrar. As principais regiões da Borgonha são: Chablis, Cote d'Or, Cote Chalonnaise, Maconnais e a já citada Beaujolais – a única que faz tintos com uma uva que não a Pinot Noir. É a terra da Gamay.
O Ródano
A região do vale do rio Ródano é conhecida mais pelos seus vinhos tintos, embora alguns brancos também sejam produzidos por aqui. É o lugar onde podemos achar grandes vinhos por preços, digamos, competitivos (se compararmos com Bordeaux e Borgonha).
A região é divida entre Norte e Sul. A uva tinta Syrah domina a parte norte e outra tinta, a Grenache, a área sul. O norte responde por apenas 10% da produção total e muitos de seus vinhos são ricos, encorpados, raros e muito caros. Ao contrário da maioria dos vinhos do sul: com alto teor alcoólico, poucos taninos, mais simples e preços razoáveis. Acessíveis, portanto. No sul, a região mais conhecida é a Côte du Rhône, onde você vai encontrar vinhos com bons preços e muito sabor.
Loire e Alsácia
Essas duas regiões são mais conhecidas pelos seus vinhos brancos, frescos e ácidos. No Loire, os vinhos são feitos com as brancas Sauvignon Blanc, Chenin Blanc e a Muscadet. Procure pelos vinhos Sancerre, Vouvray e Pouilly-Fumé - que são lugares, cidades (e não vinícolas) que deram nomes aos vinhos. A acidez desses vinhos transforma-os em grandes companheiros de comidas. É para você não esquecer.
Na Alsácia, a história é outra. Pois, em razão de estar na fronteira alemã, ter pertencido algumas vezes à Alemanha, seus rótulos contradizem tudo o que dissemos sobre a tradição francesa. Essa é a única região que rotula seus vinhos pelo tipo de uva e local de origem (a Alsácia). Fica bem mais fácil. As principais uvas utilizadas na região são a Riesling, a Gewürztraminer, a Pinot Gris e a Pinot Blanc.
Outra maneira de identificarmos o vinho alsaciano é pelo formato das garrafas. Elas são altas, delgadas, elegantes. Os preços são pra lá de acessíveis, embora nos últimos tempos comecemos a encontrar alguns tesouros com custo salgadíssimo.
Pegue só uma garrafa de vinho francês: o rótulo está todo em francês, enquanto boa parte dos vinhos de outras regiões pelo menos apresentam uma colher de chá em inglês. Se você não tiver alguma intimidade com a língua ou com o vinho francês vai ser difícil saber o que tem dentro da garrafa – a não ser que o vinho é tinto, branco, rosé ou espumante. É que o francês respeita o tempo todo a tradição. Ao contrário de muitas regiões, os rótulos franceses apresentam os vinhos segundo a sua origem, região e produtor, em vez da variedade da uva, como nos Estados Unidos.
Daí que você precisa entender um pouquinho da geografia e das regiões vinícolas francesas. Por exemplo, o famoso Château Mouton-Rothschild (que o tal pedante vive lembrando, mas talvez nunca tenha provado). Ele é um Bordeaux (um estado), da região de Pauillac – onde se produz vinhos com determinado e exclusivo perfil. Viu como é complicado? Pois o Mouton-Rotschild é feito quase que somente da uva Cabernet Sauvignon, que em nenhum momento é mencionada no rótulo.
Aprender a decodificar esses rótulos pode ser um desafio, mas tem suas grandes recompensas para você que tem um tantinho a mais de paciência.
O truque é o terroir
A França é a origem de todas as variedades de uvas nobres – Chardonnay, Sauvignon Blanc, Sémillon, Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinot Noir e Syrah. Mas as leis do país, que datam da antigüidade, determinam que somente algumas dessas variedades podem ser usadas em certas regiões. A tradição tem força de lei. Então, o truque é tentar saber o que está em cada garrafa, e em que quantidades, e de onde ela se origina.
Mas saber a origem do vinho é importante? Muito, muitíssimo! O francês chama isso de terroir – uma palavra que traduz as condições de plantio de um vinhedo: clima, solo, drenagem, altitude, latitude etc. Pode acreditar, um vinho feito com a Cabernet Sauvignon no meu quintal pode ter sabor, aroma e cor completamente diferente se for produzido no do vizinho. Assim, o tal do terroir é a chave para você ter uma idéia melhor do que está dentro da garrafa.
Agora, existem cerca de dez grandes regiões vinícolas na França. Vamos olhar as cinco mais comuns e, talvez, as mais importantes.
Bordeaux
Aqui, a maioria dos vinhos é de tintos secos. Apenas cinco variedades de uvas tintas são permitidas: Cabernet Sauvignon, Merlot, Malbec, Cabernet Franc e Petit Verdot. Os vinhos brancos só podem ser feitos com a Sauvignon Blanc, Sémillon e Muscadelle.
A região não só é grande produtora, como abriga algumas das vinícolas e vinhos dos mais prestigiosos, raros e caros do mundo. As uvas tintas mais usadas são a Merlot e a Cabernet Sauvignon. As demais entram para estabelecer um equilíbrio que ora resulta em mais corpo, mais longevidade, mais aroma, cor etc.
Os preços podem ir dos R$ 15,00 aos R$ 2.000,00 por garrafa. Na média, você pode achar um bom Bordeaux por R$ 50,00 - pelo menos lá. Aqui, com impostos e as margens dos comerciantes, a coisa fica um pouco mais salgada.
Borgonha
Qual a região mais importante: Bordeaux ou Borgonha? Para os experts, é o mesmo que perguntar qual o time brasileiro mais querido: Flamengo ou Corinthians? É discussão interminável.
A Borgonha é região para quem está procurando por uma verdadeira Chardonnay, tida como a rainha das uvas brancas. Ou pela delicada Pinot Noir, uma das variedades mais sofisticadas de uva tinta. É também a terra da uva Gamay, a que faz o famoso Beaujolais, visto como a ovelha negra da região, pela sua imensa popularidade e enormes volumes de venda.
A Borgonha é terra das pequenas propriedades (ao contrário de Bordeaux), com produções muito reduzidas. Por isso, os melhores vinhos mal chegam nas melhores lojas, são difíceis de encontrar. As principais regiões da Borgonha são: Chablis, Cote d'Or, Cote Chalonnaise, Maconnais e a já citada Beaujolais – a única que faz tintos com uma uva que não a Pinot Noir. É a terra da Gamay.
O Ródano
A região do vale do rio Ródano é conhecida mais pelos seus vinhos tintos, embora alguns brancos também sejam produzidos por aqui. É o lugar onde podemos achar grandes vinhos por preços, digamos, competitivos (se compararmos com Bordeaux e Borgonha).
A região é divida entre Norte e Sul. A uva tinta Syrah domina a parte norte e outra tinta, a Grenache, a área sul. O norte responde por apenas 10% da produção total e muitos de seus vinhos são ricos, encorpados, raros e muito caros. Ao contrário da maioria dos vinhos do sul: com alto teor alcoólico, poucos taninos, mais simples e preços razoáveis. Acessíveis, portanto. No sul, a região mais conhecida é a Côte du Rhône, onde você vai encontrar vinhos com bons preços e muito sabor.
Loire e Alsácia
Essas duas regiões são mais conhecidas pelos seus vinhos brancos, frescos e ácidos. No Loire, os vinhos são feitos com as brancas Sauvignon Blanc, Chenin Blanc e a Muscadet. Procure pelos vinhos Sancerre, Vouvray e Pouilly-Fumé - que são lugares, cidades (e não vinícolas) que deram nomes aos vinhos. A acidez desses vinhos transforma-os em grandes companheiros de comidas. É para você não esquecer.
Na Alsácia, a história é outra. Pois, em razão de estar na fronteira alemã, ter pertencido algumas vezes à Alemanha, seus rótulos contradizem tudo o que dissemos sobre a tradição francesa. Essa é a única região que rotula seus vinhos pelo tipo de uva e local de origem (a Alsácia). Fica bem mais fácil. As principais uvas utilizadas na região são a Riesling, a Gewürztraminer, a Pinot Gris e a Pinot Blanc.
Outra maneira de identificarmos o vinho alsaciano é pelo formato das garrafas. Elas são altas, delgadas, elegantes. Os preços são pra lá de acessíveis, embora nos últimos tempos comecemos a encontrar alguns tesouros com custo salgadíssimo.
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