OS APAIXONADOS POR VINHO
São isso mesmo: apaixonados. Como todos nessa condição , ocupam-se só de sua escolha. Desprezam as demais, como as bebidas destiladas, por exemplo, hoje quase esquecidas pelos enófilos. Mas ninguém é igual. Muitos reservam um espaço para o uísque no local do coquetel. Até porque vinho em happy hour é uma armadilha fatal. O fumo é outro inimigo, mas conheço gente de boa paz que mesmo diante de uma bela garrafa se conforma com a fumaça à volta.
Existem até divergências dentro do clube. Elas são parte essencial das confrarias. É como se o pessoal se reunisse em torno de um interesse comum para poder discordar. Este gosta mais de bordeaux, aquele não se interessa por brancos. Aquele outro não dá bola para borgonhas. Um amigo meu nunca recusa champagnes, mas prefere gastar energias com vinhos tintos, mais divercificados e numerosos.
Outro rito que decorre de uma regra básica é a temperatura. Ela deve ser adequada a cada tipo de vinho. O que não se pode aceitar é vinho frio demais ou gelado, o que é imperdoável.
O espumante tem que ser servido frio, mas nem tanto. Basta que esteja abaixo dos dez graus se for de grande qualidade, a oito graus se for comum, mas nunca menos.
Os brancos aromáticos jovens se beneficiam de um estágio de dez minutos no balde de gelo, mas os brancos mais espessos e complexos vão se exprimir melhor a temperatura mais elevada, lá pelos 12 graus.
Quanto aos tintos, o hábito de passar a garrafa alguns minutos pelo balde deve ser estimulado, sim, porque o ambiente em geral é de muito calor. O ideal é uma garrafa a 18 graus. Mas é evidente que os cuidados decorrentes dessa prática terão de ser minuciosos. O vinho não pode cair a menos de 15 graus, a não ser os borgonhas comuns.
E o tal ritual da decantação, a passagem do vinho da garrafa original para uma outra, transparente e mais bojuda? Parece bobagem, mas certamente melhora todos os vinhos, à exceção daqueles antigos demais, frágeis. Como muito pouca gente está em condições de oferecer tais vinhos, que se decante o que vier, nem que seja pela experiência de ver o que acontece.
Obedecidos esses, os demais rituais ficam em segundo plano. O essencial quando se trata de um grupo dedicado ao tema, é a presença dos amigos, que estarão ali para dar e compartilhar o que mais valorizam.
Não há ritos nem celebrações solitárias. Importa o gesto, o significado de uma vontade de aproximação a ser percebido pelo outro. Sem o outro, não há vinho e estamos sós.
São isso mesmo: apaixonados. Como todos nessa condição , ocupam-se só de sua escolha. Desprezam as demais, como as bebidas destiladas, por exemplo, hoje quase esquecidas pelos enófilos. Mas ninguém é igual. Muitos reservam um espaço para o uísque no local do coquetel. Até porque vinho em happy hour é uma armadilha fatal. O fumo é outro inimigo, mas conheço gente de boa paz que mesmo diante de uma bela garrafa se conforma com a fumaça à volta.
Existem até divergências dentro do clube. Elas são parte essencial das confrarias. É como se o pessoal se reunisse em torno de um interesse comum para poder discordar. Este gosta mais de bordeaux, aquele não se interessa por brancos. Aquele outro não dá bola para borgonhas. Um amigo meu nunca recusa champagnes, mas prefere gastar energias com vinhos tintos, mais divercificados e numerosos.
Outro rito que decorre de uma regra básica é a temperatura. Ela deve ser adequada a cada tipo de vinho. O que não se pode aceitar é vinho frio demais ou gelado, o que é imperdoável.
O espumante tem que ser servido frio, mas nem tanto. Basta que esteja abaixo dos dez graus se for de grande qualidade, a oito graus se for comum, mas nunca menos.
Os brancos aromáticos jovens se beneficiam de um estágio de dez minutos no balde de gelo, mas os brancos mais espessos e complexos vão se exprimir melhor a temperatura mais elevada, lá pelos 12 graus.
Quanto aos tintos, o hábito de passar a garrafa alguns minutos pelo balde deve ser estimulado, sim, porque o ambiente em geral é de muito calor. O ideal é uma garrafa a 18 graus. Mas é evidente que os cuidados decorrentes dessa prática terão de ser minuciosos. O vinho não pode cair a menos de 15 graus, a não ser os borgonhas comuns.
E o tal ritual da decantação, a passagem do vinho da garrafa original para uma outra, transparente e mais bojuda? Parece bobagem, mas certamente melhora todos os vinhos, à exceção daqueles antigos demais, frágeis. Como muito pouca gente está em condições de oferecer tais vinhos, que se decante o que vier, nem que seja pela experiência de ver o que acontece.
Obedecidos esses, os demais rituais ficam em segundo plano. O essencial quando se trata de um grupo dedicado ao tema, é a presença dos amigos, que estarão ali para dar e compartilhar o que mais valorizam.
Não há ritos nem celebrações solitárias. Importa o gesto, o significado de uma vontade de aproximação a ser percebido pelo outro. Sem o outro, não há vinho e estamos sós.
[ Texto do livro Em volta do vinho - Renato Machado ]